Carta Aberta à SUA EXCELÊNCIA Filipe Jacinto Nyusi – Presidente da República de Moçambique

Carta Aberta à SUA EXCELÊNCIA Filipe Jacinto Nyusi – Presidente da República de Moçambique

Um texto do escritor moçambicano Lino Eustáquio

Excelência, escrevo-lhe esta missiva no resguardo da minha humilde e singela condição de cidadão moçambicano que procura fazer-se ouvir diante das reiteradas e já costumeiras ocorrências relacionadas ao assalto e à banalização do nosso Sistema Nacional de Educação. 

Excelência, nos últimos tempos, temos assistido, de forma recorrente, à exposição sem precedentes de graves falhas, faltas e erros na Educação que é oferecida aos nossos filhos e às nossas filhas. Temos visto e acompanhado, ultimamente, nas vésperas dos exames,  informações da circulação fortuita destes em Whatsapps e demais redes sociais. O que se espera, excelência, de um sistema de educação que se permite submeter a tamanhos deslizes?

Agora parece que chegou a vez dos manuais de ensino. Já não bastava o conteúdo socialmente polémico do livro de Ciências Naturais da 7a Classe. Já não bastava o atraso de um trimestre dos livros para o ano lectivo 2022.  Estamos a testemunhar, neste momento, mais uma prova de que o  Sistema Nacional  de Educação está à beira do precipício: os novos manuais de ensino (que chegaram com um trimestre de atraso, enfatize-se) apresentam graves erros de conteúdo, inconcebíveis e intoleráveis, para quem vê na educação a esperança e a chave de desenvolvimento da Nação moçambicana. De facto, chegamos ao fundo do poço.

Porque, excelência, a andarmos nestes caminhos de emendas e remendos nos livros, com certeza, as flores da Nação hão-de murchar.

Excelência, o povo quer saber: que futuro devemos esperar para Moçambique, quando situações como estas são tratadas de maneira leviana e passiva? Não se podem normalizar  incompetências desta estirpe. É verdade que há muitos mercenários, “lobbistas”, parasitas e sabotadores a serviço do Estado. Porém, como Pai desta bela e promissora Nação que se chama Moçambique, peço-lhe que coloque ordem na casa, sob pena de continuarmos a viver a anarquia de cada filho fazer o que bem entender, chegar à hora quiser, por saber que não lhe será imposta nenhuma medida disciplinar correctiva.

Senhor Presidente, gostaria de apelar, em jeito de epílogo, à sua sensibilidade para este assunto que está a mexer com a dignidade e com o futuro do povo moçambicano. Se realmente “a educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo”, nos dizeres de Mandela, julgo que este é o momento mais do que oportuno para reflectirmos sobre qual rumo e destino queremos dar ao nosso sistema de educação. Porque, excelência, a andarmos nestes caminhos de emendas e remendos nos livros, com certeza, as flores da Nação hão-de murchar. E se isto acontecer (espero que não aconteça) será o Apocalipse para Moçambique!

Atenciosamente

Lino Eustáquio

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