A Polícia Municipal devia, tal como o faz na Baixa, varrer essas portagens que, de esquina em esquina, surgem como sapos procriando-se nas valas. É a Polícia Municipal que devia colocar as ditas chamussas nas taxas dessas portagens e soltar os seus cães sobre elas. É a Polícia Municipal que devia arrancar essas portagens, desarrumar...
Pense antes de clicar
Escrito por Mónica Souto – Directora de Risco do FNBM Dizem que a única constante é a mudança, e o panorama de episódios de fraude prova-o quase todos os dias. O jogo do gato e do rato entre criminosos e bancos é algo recorrente. As equipas de Risco e Fraude fazem um esforço contínuo no...
Empregada e passeadora de cães…
Ela é empregada, mas de quando em quando segura na coleira para que o emprego não lhe fuja. Desce as ruas da cidade orientada pelo mijo dos cães. Quando os cães alavancam as patas para mijar nos troncos das árvores, ela levanta o olhar e inspecciona o amarelo dos mijos como uma veterinária. Os cães...
O julgamento de Jesus Cristo em Moçambique…
O escrivão, de salto alto de unhas nos dedos, bateria no teclado procurando a letra “J” para escrever o nome “Jesus” na acta. E o meritíssimo juiz vasculharia em todas as gavetas do alfabeto a palavra certa para ditar ao escrivão. “Ele é de Nazaré. Nazaré com Z”. E o escrivão, que talvez tenha tido...
O que se passa em Niassa!
Um cabo qualquer ligou os ataques de Cabo Delgado a Niassa. Ninguém sabe quantos cabos ainda serão ligados pelos ditos insurgentes em todo o país. Já há milhares de deslocados em Niassa, há milhares de famílias que começam a adiantar sepulturas para os seus, há milhares de mães que já começam a acertar as mangas...
Senhor ministro e a sopa do Natal
Ainda tenho na memória imagens bem vivas de crianças daquele infantário; crianças sujas, acorrentadas em cadeiras de rodas como bichos, sem mínima força de levar uma colher de sopa à boca e outras ardendo em pijamas humedecidos de urina. Não me esqueço de uma das funcionárias que chamava as crianças com nomes de animais; existia...
Um poeta que examina a nação…
Carregada de dúvidas sobre o seu estado, a nação decidiu dirigir-se a um consultório de um poeta para ser examinada. Chegou ao consultório e a primeira coisa que fez foi espernear-se sobre o banco de espera e podar-se as unhas sujas com os dentes. Com uma senha na mão esperou pela sua vez para ser...
O meu avô suspenso na memória
Escrito por Sérgio Raimundo “E se o céu me caísse em cima seria, pelo menos, um destroço”, ciciava o meu avô enquanto cavava com a unha um buraco para enterrar o botão da camisa. Não me sai da cabeça o meu avô engolindo pequenas medalhas de comprimidos e disparando rajadas de tosse tal qual o...
Um ano de muitas estações
Escrito por Joaquim Tobias Dai As nossas emoções, experiências e expectativas, parecem-se com as estações do ano. São todas importantes, mas o efeito que têm sobre nós são díspares, à sua maneira. Umas alegres e outras nem por isso. Durante o último ano, andamos obcecados pelo desconfinamento e por diversas razões. Desconfinamento é sinónimo de vitória...
Milhões de olhos, uma só tenda: não deixem a autoridade do país ser sequestrada
Escrito por Miguel Luís Milhões de olhos, uma só tenda. No interior, toneladas de papéis nas mesas; juízes e advogados com vestimentas pretas que lhes escondem os fatos cuidadosamente escolhidos; duas faixas encarnadas, uma para cada uma, por cima das vestimentas pretas que as procuradoras vestem; no vácuo retangular que fica entre as mesas uma dezena...