África subsaariana “bem posicionada” para aumentar produção de gás e Moçambique será um dos players

África subsaariana “bem posicionada” para aumentar produção de gás e Moçambique será um dos players

A consultora Fitch Solutions considerou hoje que a produção de gás na África subsaariana subirá de 80,5 mil milhões de metros cúbicos para 135,2 em 2032, com Moçambique a ser um dos principais exportadores.

“A nossa perspectiva para a evolução da produção de gás natural na África subsaariana é positiva; prevemos que a produção aumente dos atuais 80,5 mil milhões de metros cúbicos para 135,2 mil milhões de metros cúbicos em 2032, com a maior área de investimento na região nos próximos anos a ser a expansão da capacidade de exportação de gás natural liquefeito [LNG, na sigla em inglês]”, escrevem os analistas, citados pela Lusa.

Num relatório sobre o sector do gás natural na região, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, estes analistas da consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings destacam Moçambique, mas também Nigéria, Mauritânia e Senegal, como os grandes impulsionadores da subida de produção e exportação de gás natural.

“O projecto FLNG Coral, da Eni, é o primeiro de três projectos planeados para Moçambique, e deverá entrar em funcionamento no segundo semestre deste ano, posicionando Moçambique como um produtor e exportador líquido de LNG”, escrevem, alertando, no entanto, que a situação de insegurança no norte do país continua a colocar um grande risco para o regresso das operações da TotalEnergies e para a Decisão Final de Investimento da ExxonMobil.

A região da África subsaariana está “bem posicionada para beneficiar do aumento da procura do seu gás”, sublinham, lembrando as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia e a vontade dos europeus de diversificarem as fontes de compra de gás, procurando afastar-se do gás russo.

Neste contexto, a Nigéria será fundamental, uma vez que vai representar quase metade da procura interna de gás na região, que precisa de mais infraestruturas para potenciar a procura por parte dos seus habitantes locais, algo que os decisores políticos já perceberam e estão a tentar resolver, nota a Fitch Solutions.

“A expansão da infraestrutura de gás natural é crucial para potenciar a procura na região; alguns mercados na região estão lentamente a fazer progressos neste sentido”, dizem, apontando o exemplo de Moçambique, que planeia construir a partir do princípio deste ano um “terminal de importação de gás no sul [Matola LNG] que daria ao país uma fonte fiável de fornecimento de gás para assegurar a crescente procura”.

Na nota, os analistas concluem que “apesar de haver custos iniciais substanciais na fase de construção, expandir a infraestrutura de importação de gás natural liquefeito é essencial para desbloquear a procura de gás natural na região” e fomentar a exportação.

Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.

Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.

O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).

Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.

A plataforma flutuante deverá produzir 3,4 mtpa (milhões de toneladas por ano) de gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 prevê 15 mtpa.

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