Dívidas Ocultas: ‘Credit Suisse não se vai safar das acusações tão já’

Dívidas Ocultas: ‘Credit Suisse não se vai safar das acusações tão já’

O Credit Suisse acordou recentemente, junto de autoridades dos Estados Unidos da América e Reino Unido, em pagar ao Estado Moçambicano 475 milhões de dólares pelo seu envolvimento no processo das “Dívidas Ocultas”, mas isso não alivia a sua dose de culpa.

Segundo um relatório, o banco suíço ainda está envolto em um pilha de processos relacionados aos empréstimos indevidos e subornos. Entre as acusações constam “processos judiciais civis em Londres, uma investigação criminal em curso do FBI e os danos adicionais à sua reputação depois de a sua subsidiária britânica se ter declarado culpada de fraude bancária num tribunal de Brooklyn na semana passada”.

O banco acordou com a United States Security and Exchange Commission (SEC) e a British Financial Conduct Authority (FCA) ressarcir Moçambique em 475 milhões de dólares. Mas apesar disso a SEC disse que o Credit Suisse é uma instituição de “investidores fraudulentamente enganadores [que violaram] a Foreign Corrupt Practices Act (FCPA)”.

Além disso, o Credit Suisse deve perdoar 200 milhões de dólares da dívida que Moçambique devia ao banco em resultado de empréstimos corruptos às empresas Proindicus e Ematum (Empresa Moçambicana de Atum).

Os três ex-banqueiros do Credit Suisse acusados pelos EUA. A partir da esquerda, Surjan Singh, Detelina Subeva e Andrew Pearse

“A ideia de isto ter acabado para o Credit Suisse é completamente falsa”, disse Natasha Harrison, sócia-gerente da Boies Schiller Flexner, a firma de advogados americana que está a processar o banco em nome dos credores, incluindo o Banco Comercial Português e o United Bank for Africa.

“Há uma enorme quantidade de litígios a correr nos tribunais ingleses neste momento e isso não vai desaparecer”, frisou.

Portanto, se o Credit Suisse pensava que estaria isento de penalizações, ao pagar a multa e perdoar a dívida de Moçambique, falhou o alvo.

Aliás, a activista moçambicana, Denise Namburete, considera que “O custo da conduta corrupta do Credit Suisse é demasiado elevado para ser coberto por uma multa de 475 milhões de dólares”.

O julgamento no Supremo Tribunal Inglês, envolvendo os detentores de obrigações do Ematum, só terá lugar daqui a dois anos.

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