Casa de câmbios envolvida nas dívidas ocultas está em liquidação e dissolução “silenciosa”

Casa de câmbios envolvida nas dívidas ocultas está em liquidação e dissolução “silenciosa”

O Banco de Moçambique (BM) submeteu uma petição para a liquidação e dissolução da Africâmbios, a casa de câmbios supostamente evolvida no maior escândalo financeiro nacional, as Dívidas Ocultas, segundo o Centro de Integridade Pública (CIP).

“Depois que o envolvimento da Africâmbios nas dívidas ocultas foi exposto e os seus colaboradores de baixo escalão julgados, as actividades da casa de câmbios foram suspensas por ordem do Banco de Moçambique, o regulador do sector financeiro. De seguida, iniciou-se a liquidação e dissolução da sociedade, quando ainda se espera que se possa esclarecer o envolvimento da empresa nas dívidas ocultas”, lê-se na publica do CIP.

A Organização não-Governamental (ONG) diz não terem sido apresentados os motivos para a liquidação e dissolução da Africâmbios, cuja petição deu entrada a 11 de Maio deste ano na Conservatória do Registo de Entidades Legais. Curiosamente, o advogado indicado para o efeito é Mohamad Bachir, o mesmo que defendeu Mbanda Henning, irmã da ré Ângela Leão, esposa de Gregório Leão, ex-Director Geral do SISE.

“Em carta datada de 8 de Novembro de 2022, Mohamad Bachir explicou ao CIP que foi nomeado liquidatário da Africâmbios por despacho de 16 de Maio de 2022, do Governador do Banco de Moçambique (Rogério Zandamela). Quanto à decisão da dissolução da Africâmbios, Mohamad Bachir disse que cabe a quem tomou a tal decisão explicar os motivos”, refere o documento.

Segundo o CIP, a casa de câmbios foi a preferida de alguns réus do processo das Dívidas Ocultas para troca de milhares de dólares do calote financeiro para metical, a moeda nacional.

“A Africâmbios está profundamente envolvida no escândalo das dívidas ocultas. Como consequência, pelo menos três dos 19 réus julgados na tenda da B.O são colaboradores da Africâmbios”, observa a ONG, destacando que “nenhum dos colaboradores julgados exercia posições de chefia”, apesar de terem recebido cerca de 20 milhões de meticais da empresa M Moçambique Construções Lda, de Fabião Salvador Mabunda.

O CIP alerta, no entanto, que o envolvimento da Africâmbios extravasa estas constatações, tendo havido até recurso a sistemas de transferência de dinheiro utilizado pelos terroristas.

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