O Presidente da República, Filipe Nyusi, chegou este domingo à capital francesa, Paris, onde vai participar, hoje, de uma cimeira sobre Financiamento das Economias Africanas, convocada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
À margem da cimeira Nyusi e Macron vão reunir-se, na terça-feira, para abordar matérias relacionadas com as relações bilaterais entre Moçambique e França e situação do terrorismo em Cabo Delgado, que já levou à suspensão das actividades da maior empresa petrolífera francesa (Total) no país, será um dos temas de fundo, e pode definir os níveis de participação de Paris, nos esforços visando combater a insurgência em curso.
De acordo com o Palácio de Eliseu, Paris já manifestou a Maputo, a sua disponibilidade de apoio, contudo, o Governo de Filipe Nyusi, ainda não deu qualquer resposta.
“Já fizemos várias ofertas para apoiar o Governo moçambicano, sobretudo, em relação à capacitação do Exército, e também, no que diz respeito à segurança marítima, mas estas ofertas ainda estão em discussão e esperamos que os encontros que terão lugar em Paris vão acelerar as decisões. Por enquanto, há apenas ofertas em cima da mesa, mas ainda não foram dados passos concretos, ainda” disse M. Frank, Conselheiro Político de Macron, falando sexta-feira num briefing sobre a cimeira que amanhã arranca.
O académico e docente de Relações Internacionais, Hilário Chacate considera que o encontro entre Nyusi e Macron vai colocar as cartas na mesa, e poderá ser mais uma página nos dilemas de Moçambique, em torno de Cabo Delgado.
“Há aqui vários dilemas que devem ser equacionados e não posso afirmar, categoricamente, se o Governo de Moçambique vai aceitar. Se negou a ajuda de países voluntários como os da União Europeia, dos Estados Unidos da América, não sei se vai aceitar ajuda da França, tendo em conta o nível de interesses que este país tem” analisou.
Por outro lado, Chacate considera que o Moçambique tem, de se decidir com urgência, para não perder a janela de oportunidade que o gás ainda representa como commodity.
“É muito difícil Moçambique indo rejeitar todas as possibilidades de apoio, na medida em que, é preciso olhar para o timing na exploração dos recursos energéticos, sobretudo o gás natural. Há evidências de que, daqui a algumas décadas o gás não terá o valor comercial que tem hoje, então se Moçambique não avança com a exploração do gás, a curto e médio prazo e a Total, que já investiu biliões em Cabo Delgado, não avança com a exploração, poderia incorrer no risco de perder os seus investimentos naquele lugar” salientou.
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