A Polícia da República de Moçambique (PRM) alega que o dançarino “Cebolinha” perdeu a vida, na sexta-feira (21), vítima de causas naturais, contrariamente às primeiras informações que apontavam como causa da morte hemorragia interna derivada de agressão policial, nas celas da 3ª Esquadra na Cidade de Maputo.
“Não houve qualquer sinal de agressão, o que nós temos consciência é que foi uma morte natural”, escreve o jornal Evidências, citando o porta-voz da PRM, na Cidade e Maputo, Leonel Muchina.
O jovem teria sido levado à esquadra na sequência de um desentendimento na quinta-feira (20) com uma funcionária de um estabelecimento de venda de bebidas alcoólicas, no bairro da Malhangalene. Ele fora ao bar a mando do seu pai para cobrar uma dívida de 50 mil meticais. Era a segunda-vez que se dirigia ao estabelecimento comercial com o mesmo objectivo. A primeira foi na terça-feira anterior, 18 de Julho. Alega-se que no dia (18) fez uma cobrança coerciva que culminou com um processo aberto na 3ª Esquadra da PRM da cidade de Maputo. A polícia já andava à sua procura e, quando soube da sua segunda investida (quinta-feira, dia em que supostamente proferiu ameaças), não tardou em chegar ao estabelecimento comercial e detê-lo. Cebolinha não teria oferecido qualquer resistência e seguiu até a esquadra caminhando, conta o Evidências.
Estranhamente, segundo Leonel Muchina, quando foi-se abrir as celas pelas 6 horas da sexta-feira percebeu-se que o jovem estava a passar mal.
“O [nosso] colega que atende na permanência imediatamente solicitou uma viatura da polícia que era para levar o jovem ao hospital, mas neste mesmo instante ele acabou perdendo a vida, após fortes convulsões. Suspeitamos que tenha sido morte natural precipitada pela baixa temperatura daquela sexta-feira e o jovem estava debilitado mesmo pelo consumo de estupefacientes”, disse o porta-voz da PRM, frisando que apenas o laudo médico poderá determinar a real causa da morte de Cebolinha.
O porta-voz clarificou que a polícia não tinha necessidade de aplicar a força contra o cidadão porque ele confessou as acusações que pesavam sobre si.
Ignorando a responsabilidade do Estado que tem das péssimas condições de reclusão do mundo, Muchina diz que admira que mesmo com o frio que se fez sentir na última sexta-feira na Cidade de Maputo, a família do jovem malogrado não tenha ao menos levado algumas cobertas para ele, lê-se no jornal.
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