Moçambique entre os cinco países africanos com projectos de centrais eléctricas a carvão

Moçambique entre os cinco países africanos com projectos de centrais eléctricas a carvão

Cinco países africanos, incluindo Moçambique, estão a planear construir centrais eléctricas a carvão, apesar da luta global para pôr fim àquelas unidades de produção, muito poluentes, segundo um relatório divulgado esta quarta-feira.

Segundo o “No New Coal Handbook”, divulgado pelos grupos de reflexão Ember, E3G e Global Energy Monitor, “cinco países africanos ainda têm centrais a carvão planeadas” entre os quais Moçambique, apesar da luta global para que não sejam criadas mais unidades de produção de electricidade com base naquela fonte energética, altamente poluente.

Os cinco países africanos são o Botsuana, Maláui, Moçambique, África do Sul e Zimbabué, que estão “entre um grupo minoritário de apenas 21 países que têm em fase de planeamento mais do que uma nova central eléctrica a carvão”, refere-se no documento.

A nova análise “mostra que a cadeia de actividades global para novos projectos de energia a carvão está a encolher, rapidamente, à medida que o ímpecto aumenta no sentido de deixarem de existir novas centrais a carvão para lá de 2021”.

De acordo com o mesmo documento, todos os projectos dos cinco países africanos “procuram financiamento por parte da China”, o que quer dizer que poderão enfrentar “um futuro incerto”. Porque a China anunciou recentemente que vai por “um ponto final no apoio a projectos de carvão no estrangeiro”, recorda a análise.

Aliás, com aquele recente anúncio da China de que deixará de construir projectos de energia a carvão no estrangeiro, que surge na sequência de compromissos semelhantes assumidos, no início deste ano, pelo Japão e pela Coreia do Sul, a análise prevê que “o cancelamento da cadeia de actividades global relacionadas com projectos de carvão em pré-construção irá, sem dúvida, acelerar”.

No total, segundo o documento, havia 24 países que pretendiam receber apoio da China para novas centrais de carvão e este anúncio abre a porta ao cancelamento destes projectos, dando prioridade às energias limpas.

No documento sublinha-se que as nações africanas até “estão bem posicionadas para se comprometerem com o plano ‘No New Coal'”, ou seja, com um mundo sem centrais a carvão.

“Existem apenas quatro centrais eléctricas a carvão em construção no continente, na África do Sul e no Zimbabué, e apenas três centrais se tornaram operacionais desde 2015”, refere-se na análise.

O “No New Coal Handbook”, publicado pelos grupos de reflexão Ember, E3G e Global Energy Monitor, revela o estado de todos os países produtores de carvão do mundo que ainda não confirmaram que não construirão mais centrais eléctricas alimentadas por aquela fonte energética.

A Agência Internacional de Energia declarou que “nenhuma nova central de carvão deveria ser aprovada para além de 2021 para limitar o aquecimento global a 1,5°C”, recorda-se no documento.

O relatório identifica quarenta economias que poderiam comprometer-se imediatamente com a não construção de novos projectos de carvão.

Trinta e seis destes países “não têm projectos previstos ou em construção, incluindo a República Democrática do Congo, o Gana, a Guiné-Conacri, as Maurícias, a Namíbia, a Nigéria, o Sudão e a Zâmbia”, destaca.

“Outras 16 economias têm apenas uma central de carvão proposta e poderiam comprometer-se prontamente com a não construção de novos projectos de carvão, incluindo o Djibuti, o Essuatíni, a Costa do Marfim, o Quénia, Madagáscar, Marrocos, o Níger e a Tanzânia”, acrescenta.

Um relatório recente da E3G, Ember e GEM mostrou como a cadeia de actividades relacionada com as centrais eléctricas a carvão propostas diminuiu em 76% desde o Acordo de Paris, em 2015.

“Desde 2015, 44 governos já se comprometeram formalmente a não construir novas centrais eléctricas a carvão, incluindo Angola, a Etiópia e o Senegal”, acrescenta.

O secretário-geral das Nações Unidas Guterres apelou para que “deixem de existir novas centrais a carvão até 2021”, enquanto o Presidente Designado da COP, Alok Sharma, apelou para que a COP26 “deixasse o carvão para trás”, em Novembro de 2021.

O relatório divulgado esta quarta-feira chega numa altura em que sete governos, incluindo os de Sri Lanka, Chile e Alemanha, anunciaram um “No New Coal Power Compact” [acordo para uma produção sem carvão), em 24 de Setembro, convidando mais países a juntarem-se ao compromisso antes da cimeira climática da COP26, em Novembro.

Agência Lusa

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