Manuel Chang pode ter um fim “grave e trágico”, tal como o ex-banqueiro português assassinado na cela na África do Sul, alerta advogado

O ex-Ministro das Finanças, Manuel Chang, detido na África do Sul desde 29 Dezembro de 2018, pode ter um fim “grave e trágico” se continuar preso naquele país enquanto aguarda extradição para os Estados Unidos da América.

Segundo o professor de Direito na UNISA e advogado, André Thomashausen, pode se passar com Manuel Chang, de 67 anos, o que se sucedeu com o ex-banqueiro português, João Rendeiro (68), encontrado enforcado numa cela do Centro Correcional de Westville, em Durban, no ano passado.  O português, também indiciado em processos de corrupção, aguardava extradição para Portugal. Rendeiro era ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) e saiu da Europa para fugir à Justiça portuguesa e não cumprir a pena a que foi condenado, alegando ir passar férias em Londres, na Inglaterra.

“… existe um risco de um desfecho grave e trágico. Tal como aconteceu no caso do banqueiro português senhor Rendeiro que, na noite de sua comparência perante um juiz, foi atacado por um outro recluso nunca identificado e morreu vítima da agressão que sofreu. Fora das celas reservadas para detidos especiais, o sistema prisional da África do Sul é muito perigoso” alertou Thomashausen, citado pelo Canal de Moçambique.

Ele referiu ainda que somente falta a execução da decisão judicial para Chang seguir para os EUA, mas isso pode levar um tempo indeterminado, no “contexto sul-africano” e dadas “mil pequenas insuficiências de uma administração pública [do país] em crise”.

No caso do ex-governante e ex-deputado moçambicano, encarcerado na prisão de Moderbee, não houve fuga do país – não havia processos contra si – mas sabe-se que aquando da sua detenção no Aeroporto Internacional Oliver Tambo ia passar festas no Dubai.

O jornal refere que o partido da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) não tem interesse na extradição de Manuel Chang para os EUA, onde poderá revelar toda a verdade. Avança ainda a possibilidade e estar em curso um diálogo com o ANC, o partido no poder sul-africano, para o alcance de um acordo político visto que Moçambique esgotou todos os recursos para evitar a extradição.

Manuel Chang é tido como a peça chave das dívidas contraídas sem o aval do parlamento “Dívidas Ocultas” a favor da Ematum, MAM e ProIndicus. Os EUA o acusam de três crimes de fraude nomeadamente conspiração para lavagem de dinheiro, fraude de transacções electrónicas e fraude de títulos.

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