LAM despenha-se em meio a uma gestão corrupta, sobrefacturações, operações fantasmas e aumento abismal de salários

LAM despenha-se em meio a uma gestão corrupta, sobrefacturações, operações fantasmas e aumento abismal de salários

A Fly Modern Ark (FMA), empresa sul africana contratada para ressuscitar a contabilidade da Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), encontrou cicatrizes de corrupção na então máquina de gestão da companhia de bandeira nacional.

De acordo com a Lusa (via DW), que obteve informações durante um encontro entre a FMA e jornalistas, foram constatadas sobrefacturações, ou seja, casos de fornecimento de serviços acima dos valores de mercado, bem como fornecimento de serviços “fantasmas”, sem contrato.

A FMA responsabiliza os administradores da LAM, entretanto, escusa-se de revelar os casos e os tratamentos que eles estão a merecer, por exemplo, se foram denunciados às autoridades nacionais de justiça.

O Director Executivo da FMA, Theunis Crous, avançou que está em preparação um relatório “exaustivo” sobra a gestão danosa da LAM, e que alguns desses administradores permanecem na companhia e apresentaram “resistência à mudança”.

Descreveu mesmo que algumas dessas pessoas “deitaram a companhia abaixo”.

A LAM tem como Director-Geral, João Carlos Pó Jorge, desde 23 de Julho de 2018. A previsão foi de ocupar o cargo máximo da LAM durante 18 meses, ou seja, um ano e seis meses. Entretanto, o engenheiro que ingressou nas LAM em 1985 (entre 1995 e 2013 trabalhou em firma estrangeira) está lá até hoje, cinco anos e quase dois meses. Saiba mais….

Os salários e serviços da LAM, antes da FMA

As fortes dificuldades financeiras levaram em Abril o Governo a colocar a companhia de bandeira nacional sob gestão da FMA.

Entre outras situações reveladas por Theunis Crous está um alegado aumento de remuneração decidido pela então administração, para os próprios administradores, aprovada em Janeiro último, de 100 mil meticais por mês, “quando o Governo procurava uma solução para a gestão” da LAM.

“Imediatamente parámos logo isso”, disse ainda, garantindo que esses administradores foram chamados a devolver esses pagamentos recebidos de Janeiro a Maio.

O gestor acrescentou que encontraram casos de aeronaves fretadas por valores muito acima dos valores de mercado, serviços prestados à LAM que além dos preços altos não ofereciam qualidade, como o ‘catering’, e outros pagos sem facturação ou contratos.

“Quando chegámos estava um Boeing há sete meses em Joanesburgo numa reparação que devia ter sido feita em 30 dias”, exemplificou ainda, exigindo responsabilidades, mas garantindo que a LAM é viável.

“O maior activo da companhia é a lealdade dos moçambicanos à marca LAM, que apesar dos problemas voltam sempre”, admitiu Theunis Crous.

“Na África do Sul, as companhias na mesma situação [financeira, da LAM] foram todas encerradas. Temos aqui uma oportunidade”, defendeu, acrescentando acreditar que aquela companhia aérea pode ser um “importante ‘player’” na região. (DW)

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