Dívidas Ocultas: “Manuel Chang sabia… sem sua assinatura nada haveria de avançar”, diz Luísa Diogo

Dívidas Ocultas: “Manuel Chang sabia… sem sua assinatura nada haveria de avançar”, diz Luísa Diogo

A antiga Ministra moçambicana do Plano e Finanças, Luísa Diogo, disse que o ex-Ministro da Economia e Finanças, Manuel Chang, conhecia a estratégia de endividamento adoptada por Moçambique, que não contempla/va dívidas comerciais.

Para o “bem” da nação moçambicana, Manuel Chang devia ter recusado contrair a dívida comercial, perante o ex-Presidende da República, Armando Emílio Guebuza.

“Eu tive que dizer não ao Chefe de Estado, várias vezes e não tive problemas nenhuns. Era uma oportunidade para o Ministro das Finanças [Manuel Chang], porque sem a sua assinatura nada iria avançar”, disse em uma entrevista a um semanário.

Ela respondia assim à questão sobre a origem das Dívidas Ocultas e o Governo de Armando Guebuza, uma vez em final de mandato, queria sair do Executivo com os bolsos cheios.

Segundo a também membro do partido Frelimo, não havia cabimento contrair a dívida de dois mil milhões de dólares uma vez que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional ronda nos 14 mil milhões de dólares. Mas também porque o “o Governador do Banco de Moçambique [BM] não pode sozinho endividar o país em dois mil milhões de dólares”.

“Este [o Governador do BM] assina como segundo, mas o dono do tesouro, aquele que cuida do tesouro público, é o Ministro das Finanças”, explicou Luísa Diogo.

A ex-Ministra disse não se recordar de alguma vez ter sabido de um plano de endividamento em dois mil milhões de dólares, por ser um volume muito alto, para se pagar em 15 anos.

Ela explicou ainda que o país tem uma estratégia de endividamento muito clara “tanto do ponto de vista do tipo de dívida que podíamos fazer e do ponto de vista do volume de dívida que podemos fazer”.

Conhecendo-se tais normas “o Estado nunca devia ir buscar dívida comercial, porque essa é para empresas, elas produzem mais rápido, juntam dinheiro mais rápido, enquanto o Estado não, porque o Estado recupera os seus investimentos através da cobrança de impostos. Não é possível, como Estado, se endividar do ponto de vista comercial. Aqui houve uma falha”, rematou.

Para a economista de carreira, das duas, uma: “ou não houve coragem [para recusar a contracção da dívida] ou então foi o entusiasmo de que o gás iria sair em 2018, mas sabíamos que o pagamento tinha de começar antes”.

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