O Embaixador italiano em Moçambique, Gianni Bardini, garante que o acordo final de investimento da ExxonMobil para a área 4 está perto de ser assinado, mas depende do regresso da TotalEnergies à base logística de Afungi, em Cabo Delgado, norte do país, possivelmente, no final do presente ano.
Trata-se de dois projectos distintos em termos de dimensão e orçamento, mas com uma ligação (in)directa, uma vez que ambos irão explorar o hidrocarboneto em onshore na mesma área, daí que o regresso do primeiro é crucial para o avanço do outro.
“Esperamos que essa assinatura tenha lugar depois de a Total anunciar o regresso. As duas coisas estão ligadas”, disse Gianni Bardini, para dar a conhecer o ponto de situação da cooperação entre Moçambique e Itália, numa altura em que a sua missão no país está prestes a terminar.
Explicou que são projectos diferentes. Seria difícil para a ExxonMobil iniciar o projecto onshore sem que o outro parceiro que chegou antes, a TotalEnergies, declare resolvidas as questões de segurança.
“Seria difícil para uma empresa internacional realizar grandes investimentos, enquanto a outra empresa importante considerar que as condições de segurança ainda não estão criadas”, disse.
O diplomata disse esperar que a TotalEnergies levante a questão da Força Maior, instrumento jurídico invocado em 2021, devido à deterioração das condições de segurança em Cabo Delgado. A multinacional francesa invocou aquele instrumento para interromper as operações do projecto Mozambique LNG, sem somar custos. A segurança é condição fundamental para a ExxonMobil assinar a carta de compromisso.
Bardini assegurou que, neste momento, a ExxonMobil está a realizar estudos preliminares. Isto garante que a empresa tenciona investir na exploração de gás natural liquefeito em Moçambique.
“Esperamos que a Total termine imediatamente a Força Maior para a ExxonMobil avançar”, augurou o embaixador.
A carta de compromisso, denominada Decisão Final de Investimento (DFI), é de interesse da Itália, uma vez que a petrolífera Eni é parte do projecto liderado pela ExxonMobil. A ENI opera o projecto Coral Sul FLNG, através da plataforma flutuante. A ExxonMobil vai explorar gás natural onshore, também em Afungi, distrito de Palma, com 25 por cento de participação.
Walter Kansteiner, responsável da ExxonMobil, assegurou, em Abril deste ano, ao Presidente da República, Filipe Nyusi, em Washington que continuam a analisar cuidadosamente as datas para a tomada da decisão final do investimento para o projecto de exploração do gás da Área 4 da Bacia Sedimentar do Rovuma, em Cabo Delgado.
A Itália aguarda com expectativa que a TotalEnergies anuncie o regresso à base logística de Afungi ainda este ano, não só para acelerar a decisão final da ExxonMobil, mas também pelos interesses que a Itália tem no projecto Mozambique LNG, através da Saipem. Esta empresa italiana ganhou o concurso de sete bilhões de dólares norte-americanos, para implementar soluções de engenharia do projecto da petrolífera francesa.
“Estamos à espera que a qualquer momento a Total anuncie a retoma do projecto e fim da Força Maior. Temos bons sinais de que este projecto finalmente está a preparar-se para retomar”, vincou.
Falando do impacto económico da presença italiana em Moçambique, o diplomata afirmou que teve maior visibilidade agora, impulsionado pela presença da ENI, através do projecto Coral Sul FLNG.
Apesar da esperança, o embaixador mostra-se preocupado com a demora do regresso da TotalEnergies em Afungi, justamente, porque a Saipem tem suas operações paralisadas desde 2021.
Além da exploração de hidrocarbonetos, apontou a presença industrial através da empresa Bonatti, activa no sector da energia renovável; a We Build – uma fusão de três empresas italianas que trabalharam em Moçambique no ramo da construção; e a Renco activa, em Cabo Delgado com investimentos em logística portuária.
“A Renco está a construir em Pemba, que é já muito avançado, é um investimento importante. Neste projecto já foram investidos perto de 40 milhões de euros, mas o projecto final vai ter um orçamento de mais de 100 milhões de euros. Então, digamos que as empresas mais importantes e grandes são a ENI, Saipem, e WeBuild”, disse.
O mais alto representante italiano em Moçambique falou igualmente das relações históricas entre os dois estados e povos, que remontam desde muito antes da independência, em 1975, quando líderes viajaram à Itália e encontraram suporte político e material do Governo e sociedade civil. (Autoria: AGI/MP)
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