Corrigido em 08.08.2024
Em virtude de uma tentativa de contacto com fonte do Porto de Maputo ter redundado em fracasso, ontem, 07 de Agosto de 2024, partilhamos, neste artigo, informação equivocada sobre a identidade de uma embarcação atracada no Porto de Maputo. A publicação original mantém-se abaixo para efeitos de consulta. Desde já, antecipamos as nossas sinceras desculpas pelo facto, e apresentamos a informação devida partilhada, hoje, pela Electricidade de Moçambique (EDM).
Conforme um comunicado da Electricidade de Moçambique a que tivemos acesso, o navio demonstrado na imagem é uma Central Flutuante de Produção de Energia Eléctrica à base de Gás Natural. Está atracada no Porto de Maputo para visitas, e pertence à empresa turca, Karpowership.
A central flutuante tem capacidade instalada de 470 MW. Chegou a Maputo vindo da Indonésia, tendo feito viagem pela costa africana no Oceano Índico. O destino final é as Ilhas Canárias. Antes deverá passar pelo Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, para depois navegar nas águas do Oceano Atlântico.
O objectivo da embarcação na capital moçambicana, Porto de Maputo, é “mostrar a natureza da infraestrutura e fornecer mais informações sobre a sua gestão e operação”. A central irá embora do país na sexta-feira (09).
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Publicação anterior, (07.08.2024)
Já está a flutuar nas águas territoriais, na baía de Maputo, mais um navio-usina da Karpower Global DMCC (Karpowership), como demonstra a imagem de destaque, de quem a autoria desconhecemos. Mas “contra factos não há argumentos”. Bom para os negócios e infernal para os ambientalistas é o projecto que se pretende implantar com a plataforma flutuante turca.
A infraestrutura energética deverá produzir energia com uma potência de 415 megawatts. Prevê-se que, na fase operacional, seja instalada no Estuário do Espírito Santo, entre as cidades “Porto” de Maputo e Matola, na província de Maputo. A Usina Termoeléctrica Flutuante vai gerar energia através do fuelóleo pesado (HFO – lixo do petróleo), um dos recursos energéticos mais poluentes do mundo. O fuelóleo, é denso, viscoso, tóxico e nocivo; é a parte descartada depois de se refinar o crude (petróleo na forma bruta) para a extracção, entre outros, de gasolina, gasóleo e querosene (petróleo de iluminação), e contém todos os piores compostos químicos deste processo.
A empresa sul-africana Eskom Holdings SOC Ltd. deverá comprar essa energia gerada da fonte poluente. Estima-se que assim será por pelo menos três anos, prevendo-se uma mudança para uso de gás natural liquefeito produzido no país para gerar energia no navio-usina.
O negócio está a ser desenvolvido em parceria com a Electricidade de Moçambique (EDM), que poderá comprar 150MW de energia do navio-usina, para o mercado doméstico.
A Karpowership tem já um outro projecto “Karadeniz Powership Mehmet Bey”, em Nacala, na província de Nampula, a funcionar desde 2016. É uma central eléctrica flutuante com capacidade para gerar 110MW. Neste projecto, a empresa prometeu abandonar o uso de fuelóleo até 2019, mas já lá vai um quinquénio e nada mudou.
A morte da vida em Maputo
Devido ao seu impacto ambiental para a vida, a Europa, que vive a pior crise energética de todos os tempos, proibiu o uso do HFO. Pelos mesmos motivos, esse mesmo projecto foi escorraçado da África do Sul, depois de uma luta titânica nos tribunais. De águas abertas, vai ancorar em Maputo. Diz-se que é apanágio da empresa violar o ambiente.
Esse projecto traz consigo o pecado “capital” para a vida em Maputo. Estima que os humanos, a vida selvagem e marinha sofram com os impactos ambientais.
Na fase operacional, o projecto vai despejar o “lixo do lixo” nas águas. Isso terá impacto directo na vida marinha da baía de Maputo; vai fazer desaparecer as salinas da matola, queimando o emprego de mais de 600 pessoas. O sal nacional de cozinha pode evaporar da mesa de mais de três milhões de pessoas, principalmente, da zona sul do país. A actividade pesqueira vai ficar afectada, uma vez que o “lixo do lixo” será despejado no raio estimado de três quilómetros. As águas sujas e quentes serão descartadas no mar. Teme-se pelo derrame de fuelóleo e assassinato de toda a biodiversidade marinha da província de Maputo.
O projecto pode afectar a qualidade do já péssimo ar que se respira em toda a província de Maputo devido à emissão de gases poluentes, e com efeito estufa. Isso deverá levar ao surgimento de mais doenças respiratórias e cancros. Os trabalhos poderão gerar poluição sonora à superfície e submarina. O Porto de Maputo também pode ser afectado negativamente pelo projecto.
Até Novembro de 2022 não tinha sido ainda realizado qualquer estudo ambiental sobre este projecto, porém, avaliações preliminares apontavam para cenários apocalípticos para Maputo, incluindo a nível sócio-económico.
O projecto já passou por duas consultas públicas, uma em Novembro de 2022 e outra em Dezembro de 2023.
O orçamento do projecto ainda é “segredo dos deuses”.
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