O optimismo da retoma do Projecto da TotalEnergies na província de Cabo Delgado encobre os reais interesses e questões geopolíticas, segundo o Centro de Integridade Pública (CIP).
Neste sentido, a Organização da Sociedade Civil (OSC) defende uma visão crítica tripartida das implicações do regresso da multinacional sobre os possíveis efeitos na política, economia e na sociedade. Esta perspectiva, de acordo no CIP, está respaldada no recente anúncio de financiamento ao projecto pelo Exim Bank dos Estados Unidos da América.
“O financiamento aprovado pelo Exim Bank dos EUA não é somente um gesto de boa vontade. Ele reflecte interesses geopolíticos e económicos dos EUA, que buscam contrabalançar a crescente influência da China em África” escreve a OSC, notando que empresas como a TotalEnergies “têm uma longa história de explorar as fragilidades dos países anfitriões para assegurar condições vantajosas para os seus negócios”.
O CIP alerta para a incoerência dos pronunciamentos da liderança da TotalEnergies que demonstram que a segurança pode não ser o principal motivo para o desenvolvimento do projecto. É que antes da certeza sobre o financiamento do Exim Bank dos EUA, a firma francesa evocava questões de segurança, mas agora – com o aval do financiamento – “a narrativa parece ter mudado. A empresa volta ao país mesmo com uma situação de segurança ainda instável”.
Entende o CIP que o país enfrenta pressões para aceitar investimentos que poderão assegurar uma viragem na sua situação económica. Mas, perante ao posicionamento do Executivo de não pretender alertar acordos com a TotalEnergies e a ExxonMobiil, Moçambique incorre o risco de ver os projectos paralisados se se demonstrar demasiadamente inflexível às exigências dos gigantes internacionais.
Entre tantas, “a nível interno, as pressões sociais e políticas manifestam-se através de contestação pública… do défice de legitimidade política dos actual governo após eleições fraudulentas e, por outro lado, da crescente desconfiança dos cidadãos em relação às instituições públicas”.
“A capacidade do Governo de negociar melhores condições, monitorar custos operacionais e garantir que as receitas sejam usadas para o desenvolvimento sustentável será determinante para o verdadeiro impacto deste megaprojecto” defende o CIP.
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