A Injustiça da justiça

A Injustiça da justiça

Opinião

Autora: Jéssica Dos Santos, escritora

Hoje são chamados de ladrões, saqueadores, vândalos… Mas quem os criou? Agora clamam por ordem e serenidade, e suas ações são vistas como injustas aos olhos daqueles que os condenam. Afinal, a justiça parece justa apenas quando serve aos interesses de quem a impõe. Mas, quando se volta contra eles – seja pelos que ofenderam ou por uma força invisível do universo –, ganha outros nomes: karma, castigo, talvez maldição.

Neste momento, espera-se que exijam honestidade e caráter daqueles que deveriam protegê-los. Mas, ao invés disso, são tratados com violência e desonestidade justamente por quem tem o dever de defendê-los. Tentaram todas as vias amigáveis, seguiram as leis de Deus e dos homens, mas a falta de compaixão os exauriu. Por anos, mantiveram-se em paz; por anos, foram pacientes; por anos, temeram o karma e a justiça.

Agora, porém, pouco importa se queimam seus corpos, pois já queimaram a casa dos opressores. Pouco importa se clamam por socorro e os chamam de mundanos – eles também já gritaram, mas foram ignorados. Antes, oravam a Deus, ou a alguma força maior, em busca de redenção, tentando entender qual erro os levará a este ponto.

É triste que os próprios irmãos não percebam o mal que lhes causam e a revolta que neles plantam. Não queriam retornar ao “olho por olho, dente por dente”, mas outra forma de reagir parece inalcançável, quando a dignidade é atacada.

E o remorso – o peso dos dedos acusadores e das dúvidas internas – os arrasta de volta ao túnel sombrio da vergonha. Será que a justiça sempre será injusta? Como podem justiça e perdão coexistirem? Perdoar seria esquecer, nunca mais acusar. Mas será que a justiça permite isso?

A Estranha

Partilhar este artigo

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.