Parece que a crise causada pela Covid-19 não afectou em grande o sector bancário moçambicano que na generalidade tem estado a apresentar resultados financeiros positivos. “2021 foi mais um ano em que Standard Bank atingiu resultados muito positivos. Atingimos resultado líquido perto de 5 mil milhões de meticais, apenas 9% abaixo de 2020”, refere Bernardo Aparício, administrador do Standard Bank, durante a apresentação de relatório e contas de 2021, hoje em Maputo.
“Estes resultados líquidos permitiram que atingíssemos o retorno dos capitais próprios de 16%”, acrescenta.
No mesmo período, os proveitos cresceram em 8%, de 13.9 mil milhões para 15 mil milhões de meticais. Por sua vez, a margem financeira aumentou em 20%, de 8.9 mil milhões para 10.7 mil milhões de meticais.
Em termos de capital, o Standard Bank mantém uma posição robusta apresentando um rácio de solvabilidade de 22.2%, significativamente acima do mínimo regulamentar de 12% acrescido de um adicional de 2% exigido ao banco pelo regulador face à classificação de banco sistémico.
Quanto ao rácio de liquidez, o mesmo fixou-se nos 76.5%, bem acima dos 25% exigidos na regulação, o que significa que o banco está “adequadamente capitalizado e tem a liquidez necessária para oportunidades de crescimento futuras”.
De modo geral, o administrador do banco considera que “os resultados são bastante positivos face aos impactos do 2021 devido a pandemia e do impacto que a mesma teve na actividade económica, quer na linha de receita, mas também na linha de custos”.
Do ponto de vista de custos, o Standard Bank registou um aumento de cerca de 17% como reflexo de diversos factores que caracterizaram o exercício do ano 2021, com destaque mais uma vez para a pandemia da Covid-19, que levou o banco a investir em meios humanos, tecnológicos e de protecção para os seus colaboradores e clientes, bem como investimentos na infraestrutura tecnológica no âmbito da estratégia “Prontos para o Futuro”.
O rácio de eficiência acompanhou esta realidade, tendo subido de 47.3% em 2020 para 51.2% em 2021. Como forma de ajudar as Pequenas e Médias Empresas (PME’s) a contrapor os desafios impostos pela pandemia, o Standard Bank promoveu em 2021 o concurso “Acelere o Seu Negócio”, através do qual o banco ofereceu um total de 18 milhões de meticais, para além de outros benefícios de apoio ao negócio.
No que diz respeito a iniciativas sociais, o Standard Bank, entre várias actividades, continuou com o seu projecto ambiental de plantio de árvores, que visa ajudar na protecção do meio ambiente e minimizar o impacto dos desastres naturais, que são cada vez mais frequentes em Moçambique.
A instituição aponta como obstáculos a pandemia de covid-19, os ataques armados que levaram à suspensão do projeto de gás em Cabo Delgado e a decisão do Banco de Moçambique de suspender o Standard do mercado cambial durante vários dias.
“Enquanto a nossa margem financeira cresceu 19,8%, comparando com o ano anterior, os outros proveitos caíram 11,7%, influenciados negativamente pelos resultados de operações financeiras que foram substancialmente menores”, nomeadamente em julho, mês da suspensão.
Sobre as “violações graves de natureza prudencial e cambial”, alegadas pelo regulador contra o Standard – levando à inibição de exercício de funções do antigo administrador-delegado e outro dirigente -, o banco refere no relatório e contas que foram tomadas medidas.
“Esta situação não nos define enquanto banco”, lê-se no documento.
“Além disso estão atualmente a ser desenvolvidos todos os esforços para garantir que o banco cumpre a regulamentação, a todos os níveis e a todo o tempo”, acrescenta-se.
O crescimento do crédito foi alimentado pela libertação de liquidez promovida pelo Banco de Moçambique, ao reduzir o coeficiente de reservas obrigatórias – permitindo assim também um aumento dos ativos remunerados em 8,9%.