Procuradores demitidos por facilitar soltura de traficantes internacionais de droga podem ser readmitidos ao Ministério Público

Procuradores demitidos por facilitar soltura de traficantes internacionais de droga podem ser readmitidos ao Ministério Público

O Centro de Integridade Pública (CIP) defende a responsabilização criminal dos magistrados do Ministério Público demitidos por facilitar a soltura de cidadãos estrangeiros envolvidos em tráfico de drogas.

A Organização Não Governamental (ONG) critica igualmente a aplicação de penas brandas para os magistrados e o facto de não haver informação de que os mesmos tenham sido julgados pelos actos, bem assim de outros sujeitos indiciados nos crimes de tráfico de drogas.  O CIP aponta os casos de dois procuradores afastados entre Abril de 2023 e Agosto de 2024.

“A aplicação de sanções brandas (demissão, com direito de readmissão) aos magistrados que facilitam a soltura de estrangeiros envolvidos no tráfico internacional de drogas torna difícil o combate a este fenómeno que representa um dos maiores riscos de branqueamento de capitais em Moçambique”, escreve o CIP.

A ONG defende que a pena deveria ser de expulsão definitiva, no lugar de se readmitir os magistrados para o Ministério Público, acto que só pode ocorrer depois de 12 anos sobre a data do despacho de expulsão.

A Lei Orgânica do Ministério Público e o Estatuto dos Magistrados do Ministério Público prevêm que o magistrado demitido pode ser readmitido decorridos oito (8) anos sobre a data do despacho punitivo, desde que haja, cumulativamente: a) vaga no quadro de pessoal; b) disponibilidade orçamental; c) prove-se, que através do seu comportamento, que se encontra reabilitado, escreve. “Teoricamente, isto significa que os procuradores demitidos em 2023 e 2024 por facilitação de soltura de traficantes de drogas podem voltar a exercer as funções de magistrados do Ministério Público em 2032 e 2033, respectivamente”.

Sem prejuízo das sanções disciplinares, é fundamental que os procuradores sejam responsabilizados criminalmente, defende a ONG.

Nos últimos cinco anos, o Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) instruiu 77 processos de corrupção contra magistrados de diversas magistraturas. Destes processos, 24 resultaram em acusação, mas não há informação sobre o seu desfecho. Deste número, segundo o Tribunal Supremo e sem dar muitos detalhes, foram julgados e condenados 12 casos. No entanto, não se sabe se dos 12 casos julgados havia processos-crime relacionados com o envolvimento de magistrados no crime organizado, lê-se.

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