O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) importou 161 carros para distribuir pelas Direcções e serviços distritais da educação em todo o país, supostamente, ao serviço da educação.

Dos 25% do Orçamento do Estado destinados ao sector da educação cerca de 85% são para o pagamento de salários e o restante para investimentos. O valor de aquisição das viaturas é desconhecido.

“São cerca de 161 carros que serão distribuídos em todo o Moçambique. Será do restante do orçamento de onde sai o dinheiro para comprar carros de alta cilindrada”, questionou Carlos Muhate, Secretário do Conselho Fiscal da Associação Nacional do Professores (ANAPRO).

Ele falava, recentemente, em Maputo, durante um encontro organizado pelo Movimento Educação para Todos (MEPT), que reuniu organizações da sociedade civil centradas na área da educação, bem como representações diplomáticas em Moçambique.

Ele entende não existir razões para a aquisição de carros de elevada cilindrada com orçamentos da educação enquanto os professores não recebem pagamentos das horas extraordinárias e as instituições de ensino estão em situação de precariedade.

“Nós não estamos a precisar de carros. Estamos a precisar de salas de aulas. Os professores estão a precisar de salário. Mas, em contrapartida, os senhores compram carros de alta cilindrada”, disse, apontando o dedo da culpa ao MINEDH, que participou do workshop de três dias.

O MZNews obteve um vídeo que flagra, em solo moçambicano, 12 viaturas sendo enviadas para Nipepe (1), Maua (1), N’gauma (1), Cuamba (2), Lago (1), Majune (1), Chimbonila (1), Sanga (1), Lichinga (1) e Niassa (2), na província do Niassa. As viaturas estão destinadas às Direcções provinciais e aos Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia e uma para o Instituto de Formação de Professores de Cuamba.

Outra fonte da ANAPRO, contactada hoje, disse que o MINEDH importou viaturas da marca Mitsubish, modelo Triton, todo-o-terreno, ou seja, com tracção a quatro rodas (4×4). A província de Nampula também já terá recebido o seu lote de viaturas.

Igualmente, questiona a necessidade de importação de viaturas de alta cilindrada enquanto todas as Direcções da educação no país têm viaturas operacionais, “a funcionar”.

Mais ainda, demonstrou suspeitas de que o MINEDH esteja a servir de ‘saco azul’ para amparar interesses políticos de determinado partido, uma vez estarem próximas as eleições gerais.

O evento do MEPT visava a colecta de ideias que possam tornar o próximo governo mais aberto e disponível para atender às inquietações e sugestões dos cidadãos.  Além disso, o MEPT propôs a criação de um fundo nacional para a educação básica.

O diabo de duas cabeças, os dois diabos ou os advogados da diaba?

Citado pela STV a 05 de Maio, o vice-Ministro do MINEDH, Manuel Bazo, disse que os livros escolares só estarão nos portos do país no mês de Julho, já perto do fim do segundo trimestre. Disse que o atraso se deve às más condições de navegabilidade.

“Os livros estarão nas escolas brevemente. Houve um contratempo na navegabilidade. Os livros já estão a caminho do porto de Nacala e Maputo”, disse.

No entanto, no dia 17 de Abril, o Ministro da Ciência e Tecnologia, Daniel Nivagara, assegurou, no parlamento e para todo o povo moçambicano, que os livros escolares já estavam em solo pátrio e a ser distribuído pelo MINEDH.

“O MINEDH está em processo de recepção e distribuição de material de aprendizado adquirido para o ano de 2024. Com efeito, já foram recebidos alguns materiais de aprendizagem nos três portos principais de Moçambique, nomeadamente, Maputo, Beira e Nacala. Transportadores foram contratados e iniciaram a sua distribuição para os SDEJT e estes para as escolas”, disse.