Trabalhadores da empresa Haiyu Mozambique Mining, que explora ilminite e zircão, na localidade de Mponha, ilha de Inshaque, distrito de Moma, província de Nampula, denunciam exploração sexual de menores, maus-tratos e violações no sector de trabalho.
Em uma denúncia a que tivemos acesso, os trabalhadores contam que, no ano passado, o patronato chinês recorreu a crianças de zonas próximas do centro de mineração para ter de aceder a serviços sexuais. As crianças para lá se dirigiam, à pé, supostamente, por livre e espontânea vontade. Entretanto, foram registados episódios de violação sexual de menores e mulheres.
Quando a situação foi despoletada nas comunidades, os chineses foram obrigados a pagar dinheiro aos pais das crianças envolvidas na exploração sexual. A Polícia da República de Moçambique não interveio nos casos.
Por outro lado, a direção da mineradora é acusada de apenas atender às reclamações e exigências trabalhistas de uma linha dos funcionários da empresa.
A classe operária reclama da falta de material de proteção individual para realização dos trabalhos.
A empresa não fornece transporte para os trabalhadores que têm as suas residências em zonas distantes dos locais de trabalho, bem como o acampamento, sem condições mínimas criadas pela Haiyu Mozambique Mining e destinado a uma classe única de funcionários, está distante da zona de exploração; o acampamento não dispõe de centro de saúde de emergência e sequer de kits de primeiros socorros.
“Em caso de acidente é cada um por si. Mas quando acontece um acidente com os chineses ou aqueles trabalhadores escolhidos são levados de imediato de barco dos chineses para a vila”, contou um trabalhador.
Quando alguns trabalhadores estão impedidos de se fazerem ao trabalho por questões de saúde, quem já estiver a trabalhar, mesmo doente, é obrigado a permanecer no sector até à recuperação e retorno do trabalhador ausente.
A água utilizada para confeccionar alimentos é insalubre, e os próprios alimentos preparados, na sua maioria, se encontram em estado de putrefação. Às vezes, os trabalhadores utilizam as suas roupas para filtrar a água na tentativa de evitar as impurezas quando vão matar a sede. Os chineses passam as refeições com alimentos em bom-estado e bebem água mineral.
A empresa não concede férias aos trabalhadores desde o início das operações. “Somos obrigados a trabalhar todo o ano”, disse, notando que a estratégia da empresa tem sido a de duplicar os salários no mês de gozo de férias não concedidas. “Nós o que queríamos era gozar férias, mas não deixam”.
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