O Unicef aumentou o valor do apelo humanitário para Moçambique de 52 milhões de dólares para 96,5 milhões de dólares e as vítimas da violência armada estão entre as prioridades.
“Será necessário mais apoio da comunidade internacional para responder adequadamente às necessidades da população afetada nas províncias do Norte e para continuar a apoiar as pessoas afectadas por desastres naturais que ocorreram no centro de Moçambique”, disse Maria Luisa Fornara, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), citada numa nota da entidade.
Segundo o Unicef, do valor total, 55,7 milhões de dólares serão canalizados para os deslocados devido à violência armada em Cabo Delgado, 46% dos quais são crianças.
“Muitas crianças sofreram traumas profundos. Se não forem tratadas, poderão tornar-se um fator para uma crise longa e prolongada que poderá rapidamente alastrar a outras áreas”, referiu o Unicef no documento.
Para a agência das Nações Unidas, a situação humanitária em Moçambique “deteriorou-se significativamente” desde o início do ano, face aos contínuos ataques em Cabo Delgado, surtos de doenças transmissíveis e o impacto do ciclone Eloise.
De acordo com o Unicef, mais de 300 000 crianças em idade escolar estão deslocadas e dependem da escolarização de emergência, estimando-se que 33 000 estejam a sofrer de desnutrição potencialmente fatal.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2 800 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e 732 000 deslocados de acordo com a ONU.
Ainda segundo a ONU, mais de 900 000 pessoas estão sob insegurança alimentar severa em Cabo Delgado e as comunidades de acolhimento estão também a precisar urgentemente de abrigo, protecção e outros serviços.
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