A CTA-Confederação das Associações Económicas de Moçambique disse, esta quarta-feira, em Maputo, que o sector do turismo arrecadou cerca de 157 milhões de dólares (14%) só em voos de negócios e lazer, durante Janeiro e Setembro de 2021, como resultado do relaxamento das medidas de prevenção da covid-19.
Durante uma conferência de imprensa sobre a ‘situação actual da covid-19 e a emergência da nova variante’, o Director Executivo da CTA, Eduardo Sengo, revelou que, no período pré-pandémico, em 2019, o fluxo de viagens estimava-se em 350 milhões de dólares, mas a pandemia fez tudo recuar. Já, em 2020, aquele valor reduziu para 180 milhões de dólares, sendo que, para a CTA, estes números representavam resultados animadores dado o contexto de restrições. A recuperação mais animadora experimentou-se nos três trimestres deste ano, de Janeiro à Setembro.
“[Em 2021] houve um crescimento de 14%, ou seja, 157 milhões de dólares de fluxo de viagens, entrada e saída, contra 130 milhões de dólares em 2020”, pelo que “olhando para os resultados de 2020 e faltando mais um trimestre para fechar o ano de 2021, sem dúvidas este ano iríamos ultrapassar os 180 milhões de dólares” clarificou o Director Executivo da CTA, calculando que se as medidas não forem alteradas “todo o diferencial será perdido”.
A CTA aponta o dedo ao ocidente pelas medidas consideradas precipitadas para conter a nova variante, pois elas vieram minar o progresso que o turismo estava a registar.
“Já vínhamos a 60% ao momento antes do covid. Mas agora em que a maior parte das companhias aéreas cancelaram os voos para Moçambique, as pessoas nem precisam de cancelar, ou seja, os cancelamentos são automáticos”, disse Mommad Abdullah, Presidente do Pelouro de Turismo, Hotelaria e Restauração da CTA.
Abdullah disse ainda que os países que restringiram voos de e para Moçambique estão entre os dez países que mais contribuem em Investimento Directo Estrangeiro e parcerias comerciais no em Moçambique, e isso “afecta toda aquela projecção que tínhamos feito e os projectos em curso. Está tudo comprometido”.
Assim, a CTA prevê que despedimentos massivos voltem a ocorrer devido ao ressurgimento de restrições, agora impulsionadas pela variante ómicron. Deste modo, “isto está dependente das novas actualizações sobre a nova variante”.
“Estimamos que até Agosto do ano passado já havíamos perdido cerca de 90 mil postos de trabalho, mas até Dezembro tínhamos recuperado cerca de 50 mil postos, e ficamos com um saldo de 40 mil”, disse Eduardo Sengo.
Segundo o representante do sector privado nacional, o processo de vacinação aos trabalhadores do sector do turismo e seus agregados não impactou directamente no regresso às suas funções, pelo contrário, foi o alívio das restrições que contribuiu para o retorno aos postos de trabalho.
Apesar disso, mais uma vez a classe dos trabalhadores no sector turístico registou baixas devido ao aperto do primeiro e segundo trimestre de 2021.
Contudo “nesse aspecto, nos últimos meses registámos melhorias, e [de lá para cá] as nossas estimativas indicavam cerca de 15 mil [trabalhadores recuperados]”, disse.