Trabalhadores da açucareira de Xinavane incendeiam e paralisam a vila

O trabalhadores da Tongaat Hulett, proprietária da Açucareira de Xinavane, incendiaram, desde a madrugada de hoje, casas e carros e ainda vandalizaram estabelecimentos comerciais, alguns dos quais próximos do Posto Policial daquela vila do distrito da Manhiça. Nisto tudo ainda não há dados sobre a perda de vidas humanas, apenas de um atropelamento. Há pessoas detidas pela polícia.

“O terror que se passa em Cabo Delgado é o que se vive neste momento aqui em Xinavane, porque já queimaram o Posto Policial, a casa do chefe do Posto, a casa do Director da segurança da empresa, e muitos carros. Houve muita vandalização, muita pilhagem”, contou ao MZNews uma jornalista de uma rádio comunitária naquela vila.

Os centros comerciais da vila, instituições públicas e privadas, a rádio comunitária estão a fechar as portas temendo danos maiores, inclusive a perda de vidas humanas. Até então sabe-se que uma mulher foi atropelada por um dos responsáveis da empresa, que não se dignou em socorrer a vítima.

“O atropelamento foi grave, e a vítima já foi transferida para um dos hospitais na Cidade de Maputo”, revelou a fonte.

Até cerca das 11 horas, a circulação na estrada que liga o distrito da Manhiça e o de Magude estava interrompida.

A manifestação dos trabalhadores da açucareira de Xinavane iniciou a 31 de Janeiro de 2022, prevendo-se que durasse apenas 15 dias. Esta foi proposta pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Açucareira – SINTIA. Mas de lá até então as negociações com o patronato levaram a um descontentamento entre os funcionários dos campos de produção.

Na verdade, a reivindicação, ainda pacífica, iniciou na terça-feira. O plano era de se chegar a bom-porto entre os trabalhadores dos campos e a direcção da Tongaat Hulett. Mas, na mesa de negociações as conversações tomaram outro rumo.

“Ainda ontem chegou aqui um contingente de oito policias da Unidade de Intervenção Rápida que lançou gás lacrimogénio em toda a vila incluindo escolas, e a as crianças não estudaram e os comerciantes do mercado também não trabalharam, e, hoje, é o que se vê”, relatou uma das nossas fontes.

Ainda na manhã de hoje a manifestação era pacífica, mas a chegada à vila reacendeu o desânimo que lá se vive “e as pessoas juntaram-se [aos trabalhadores], porque a vila também tem os seus problemas” levando a que se tornasse numa greve popular.

A polícia deteve algumas pessoas, que depois a população os procurou no Posto Policial local, mas sem sucesso, “porque foram levados para a cadeia da Manhiça”.

“Na esquadra local já ninguém está senão o responsável da SERNIC, aqui em Xinavane”.

Os trabalhadores da Tongaat Hulett reivindicam salários, e indemnizações prometidas desde 2016.

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