Subida de juros e inflação entre os maiores problemas em África

Subida de juros e inflação entre os maiores problemas em África

A subida das taxas de juro e o aumento da inflação estão entre os principais problemas enfrentados pela África subsaariana. Informou o director do departamento de ‘rating’ soberano da Standard & Poor’s (S&P) numa entrevista concedida à Lusa.

Segundo o director do departamento de ‘rating’ soberano S&P, Ravi Bathia, ainda é demasiado cedo para dizer que o perigo já passou, e o novo problema é o aumento da inflação e das taxas de juro globais.

“Os juros altos em África eram atrativos num ambiente de juros baixos a nível global, mas a subida das taxas já originou uma saída de fundos dos mercados emergentes e de África, e agora a questão é saber se os países terão ou não o financiamento fácil que tinham antes”, disse Bathia, citado pela agência Lusa.

Além financeiro, um dos principais temas é “ultrapassar a pandemia de Covid-19” e o problema da subida dos níveis de dívida pública, que já antes da pandemia estavam a subir.

“Já antes da pandemia estávamos a assistir a uma subida da dívida pública, embora agora haja mais opções de financiamento para os países africanos do que havia há 10 ou 15 anos: a China, as multilaterais, a emissão de títulos de dívida em moeda estrangeira (Eurobond), e a expansão dos mercados internos, por exemplo”, informou Ravi Bathia.

“Com a dívida a subir e a pressionar as finanças públicas, o controlo (da subida da dívida) estava no facto de o crescimento ser bastante forte na região, mas esta equação foi atingida pela Covid-19, que de repente colapsou o crescimento de vários países, piorando as métricas da dívida”.

A dinâmica mudou e vários países entraram em ‘debt distress’ [níveis de dívida demasiado altos], a Zâmbia entrou em Incumprimento Financeiro, a Etiópia aderiu ao Enquadramento Comum para o tratamento da dívida, e agora estamos basicamente a ver a recuperação nas matérias-primas e no setor dos serviços, mas a questão da dívida está lá e causa prolemas, com os países a procurarem soluções, como a reestruturação da dívida ou o aumento do acesso ao mercado através de novos Eurobond para pagarem dívida de títulos antigos”, concluiu o analista

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