Manuel Chang, o antigo Ministro das Finanças, está sob custódia da justiça norte americana, extraditado da África do Sul, na manhã de quarta-feira (12). Ele está a responder sobre o seu envolvimento na fraude ao Estado moçambicano em mais de 2,7 mil milhões de dólares. Pesam sobre si três crimes, nomeadamente conspiração para cometer fraude electrónica, fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro.

Do calote, Manuel Chang teria recebido cinco milhões de dólares norte-americanos em subornos. Ele facilitou o branqueamento de 200 milhões de dólares em dinheiro canalizado para funcionários moçambicanos.

Ele chegou nos EUA na noite de quarta-feira. Na quinta-feira (13), perante o juiz distrital Nicholas Garaufis, em Brooklyn, Chang declarou-se inocente das acusações. Este posicionamento do antigo Ministro abriu espaço para um julgamento que vai procurar provar a sua influência e participação para defraudar Moçambique. O esquema incluiu empréstimos para três empresas de fachada, nomeadamente a Ematum, Mozambique Asse Management e ProIndicus.

Neste contexto, de acordo com a Bloomberg, se Manuel Chang for considerado culpado dos crimes de que é acusado pode ser condenado a uma pena de até 55 anos de prisão.

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“Interessante que o dinheiro que recebeu da Privinvest são cerca de cinco milhões de dólares. Isso seria 11 anos de cadeia por cada milhão de dólar”, observou o jornalista da Bloomberg em Moçambique e investigador do CIP, Borges Nhamire.

Contas feitas, se for proferida a sentença com esses anos de reclusão, Manuel Chang, que vai completar 68 anos em 22 de Agosto, sairá da prisão, se vivo, com 123 anos de idade.

Em 2021, o Credit Suisse pagou cerca de 475 milhões de dólares para resolver múltiplas investigações sobre o seu papel no escândalo, um dos vários grandes contratempos legais e financeiros que o banco suíço enfrentou nos anos que antecederam o seu colapso em Março.

Entretanto, uma unidade do Credit Suisse e três antigos banqueiros também se declararam culpados de acusações no mesmo processo instaurado contra Chang.

No mês passado, o advogado de Chang, Adam Ford, disse a Garaufis que iria pedir a anulação das acusações, argumentando que o governo demorou demasiado tempo a levá-lo a julgamento. Argumentou também que o caso devia ser arquivado porque Chang tem estado detido em “condições terríveis” na solitária de uma prisão sul-africana.

O processo em andamento contra Chang é US v. Chang, 18-cr-00681, Tribunal Distrital dos EUA, Distrito Leste de Nova Iorque (Brooklyn).