Proposta de lei de organizações não governamentais levanta alerta de controlo governamental

Proposta de lei de organizações não governamentais levanta alerta de controlo governamental

Gestores de organizações não governamentais moçambicanas acusam o Governo de pretender controlar e silenciar a sociedade civil, com a lei que estabelece o regime jurídico para a criação, organização e funcionamento das organizações sem fins lucrativos, ao abrigo da qual estas devem apresentar, consecutivamente, dois relatórios de actividades à entidade responsável para o seu reconhecimento.

A proposta de lei já foi submetida à Assembleia da República, não se sabendo se a mesma vai ser aprovada ou não ainda este ano.

O director do Centro de Integridade Pública (CIP), Edson Cortez, considera que as pessoas que fizeram esta lei ou não sabem como funcionam as organizações da sociedade civil ou então é um mecanismo de controlo da sociedade civil.

“Se eu der o meu relatório de actividades, o que é que ele (Governo), vai fazer com esse relatório?”, interroga-se o director do CIP, acrescentando que “eu até posso inventar um plano de actividades e depois não fazer nada daquilo”.

Citado pela VOA, Cortez entende que o Governo devia preocupar-se com aqueles que são mais prejudiciais à economia e à sociedade moçambicanas, nomeadamente os falsos profetas, os traficantes de recursos naturais, de seres humanos e drogas, entre outros crimes e negócios ilícitos.

Para o director executivo da Sekelekane, organização de promoção da comunicação para o desenvolvimento, Tomás Vieira Mário, em princípio, a proposta de lei é pacífica na medida em que, primeiro, tem a ver com a transparência da gestão das organizações, tal como se pede à função pública, segundo, porque faz parte dos mecanismos de monitoria e de prevenção de financiamento ao terrorismo e branqueamento de capitais.

“Isso é pacífico, mas há receio e esse receio resulta do facto de que há suspeita de que estas medidas, sendo legítimas, possam ser usadas para fins políticos porque o nível de confiança da sociedade civil com o Governo é por vezes muito baixo”, destaca aquele responsável.

Por seu turno, o director do Observatório do Meio Rural, João Mosca, afirma tratar-se de uma ofensiva do Governo “no sentido de limitar a actuação da sociedade que seja crítica, nomeadamente a sociedade civil, através desta lei que já foi depositada na Assembleia da República”.

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