Moçambique vive um período pós-eleitoral tenso após o anúncio dos resultados centralizados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), a 24 de Outubro. Na verdade, antes houve manifestações contra os resultados parciais anunciados pelas Comissões distritais e provinciais. Após o anúncio pela CNE, as manifestações se intensificaram. As alegações são de que os resultados são fraudulentos, e beneficiam o partido Frelimo, que governa o país há 48 anos.
As manifestações contra a fraude eleitoral são lideradas pelo candidato presidencial independente Venâncio Mondlane. Ele tem o apoio do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos). Venâncio Mondlane reclama vitória da corrida presidencial nas eleições de 9 de Outubro passado.
Outros líderes e partidos da oposição concorrentes concordam com Mondlane, e dizem ter provas de contagens paralelas. Eles também declararam apoio às reivindicações.
O partido no poder, a Frelimo, condena as manifestações que chegam a ser violentas, com a polícia a disparar gás lacrimogénio e balas letais contra aos manifestantes. Há dezenas de mortos e feridos pela polícia. Venâncio Mondlane acusa a polícia e a procuradoria-geral da república de estarem a actuar em benefícios dos interesses do partido Frelimo. Os manifestantes dizem que a luta é não é somente pela reposição da verdade eleitoral, mas pela libertação do povo moçambicano do regime frelimista.
A respeito desse cenário político-social que já atravessou as fronteiras, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, manifestou o interesse em ajudara ao diálogo entre as forças políticas em Moçambique.
“…no que depender de Portugal, tudo faremos para ajudar a que esse diálogo seja possível, para que tenhamos uma solução para que o povo moçambicano não tenha que passar por mais nenhuma provação” disse Paulo Rangel, citado pela imprensa portuguesa.
Ele falava ontem sobre a situação em Moçambique, no início do debate na especialidade do Orçamento de Estado português para 2025. Era a sua resposta à pergunta colocada pelo deputado Rodrigo Saraiva, da Iniciativa Liberal, sobre a posição do país europeu em relação ao actual desenho de Moçambique.
Ele assegurou que Portugal já tem feito alguns contactos através da embaixada.
Ainda na segunda-feira, em Maputo, a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, esteve reunida com embaixadores e pediu ajuda para a resolução da situação.
Macamo é membro sénior do partido Frelimo. Foi Presidente do parlamento moçambicano por duas legislaturas consecutivas. Foi a mandatária do partido no dia da divulgação dos resultados centralizados pela CNE.
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