O Governo vai assinar, já na sexta-feira (23), a adenda que estende o contrato de concessão do Porto de Maputo por mais 25 anos a partir de 2033, como estratégia para lidar com os futuros desenvolvimentos do Porto de Durban, na África do Sul.
A informação foi revelada, hoje, pelo Director-Geral da Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC, na sigla em inglês), Osório Lucas.
Durante um briefing com jornalistas, Osório Lucas garantiu haver disponibilidade de verba para o aumento da capacidade de manuseio de carga, tendo sido já investidos cerca de 800 milhões de dólares.
“Devo dizer, sem nenhum barrulho, que nós já investimos mais de 800 milhões de dólares aqui dentro, nos mesmos termos. Algum com financiamento bancário outro com recurso ao reinvestimento dos nosso fundos próprios”, disse.
Ele elucidou, entretanto, que a verba destinada às reformas do Porto de Maputo será disponibilizada em fases.
O Director-Geral do MPDC explicou que o projecto de requalificação do Porto de Maputo já existia, tendo sido antecipada a sua implementação para capitalizar o excedente de carga manuseada no Porto de Durban, na África do Sul.
“Nós somos um Porto de competição directa com a África do Sul, que tem planos muito claros, desde a privatização do Porto de Durban, que foi adjudicado a um concessionário filipino, bem como planos de investimento na ordem de 5 mil milhões de dólares nos próximos 10 anos”, disse.
Ele aclarou que uma das estratégias para assegurar a competitividade do Porto de Maputo, por exemplo, através da manutenção do fluxo de camiões, é justamente antecipar os planos de investimentos
“Essa é uma necessidade do país. Ou nós tomamos uma medida agora, e nos antecipamos aos planos de investimento da África do Sul, e nos posicionamos estrategicamente, ou esperamos que esse investimento [sul-africano] aconteça e depois o investimento [no Porto de Maputo] torna-se irrelevante”, justificou.
Na ocasião, referiu que mais de 70% da carga manuseada no Porto do Maputo chega da África do Sul, com destaque para minérios como carvão, crómio, níquel, fosfato e vermiculite.
“Nós não somos um Porto que se pode dar ao luxo de definir o seu próprio destino por si só. Se a África do Sul tomar uma atitude de ajustamento dos seus portos, antes que nós o façamos, isso pode ter um impacto [negativo] para os milhares de vida que dele dependem”, alertou.
O Porto de Maputo emprega dois mil trabalhadores directamente e 10 mil indirectamente; tem cerca de 670 empresas, entre pequenas e médias, fornecedoras de serviços internos.
“Portanto, o colapso ou a redução de volumes no Porto de Maputo afecta o MPDC e toda uma sociedade. Por isso é que nós solicitámos ao Governo a extensão do contrato, contado a partir de 2023. O Governo nos desafiou a reavaliar os nossos planos para reposicionar estrategicamente o país”, explicou.
Nota: Artigo actualizado a 22/02/2024, às 11h30, para evidenciar a citação do Director-Geral do MPDC, sobre os investimentos de 800 milhões de dólares, e suprimir o facto de se tratar, exclusivamente, de capitais próprios, como estava dito fim do parágrafo anterior à citação.
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