Nyusi sacrificou camaradas-“inimigos” negando-lhes assento no parlamento?

Nyusi sacrificou camaradas-“inimigos” negando-lhes assento no parlamento?

O regime do ex-Presidente da República, Filipe Nyusi, terá aberto feridas difíceis de sanar ao negar assentos no parlamento para camaradas-“inimigos” que emergiram ao longo dos dez anos do seu mandato.

Segundo O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD), com a excepcao de Cabo Delgado e Niassa, no resto do país há 24 entidades que não lograram assento parlamentar na actual legislatura.

Os sacrificados foram: na cidade de Maputo (Jerson Celano Fernandes Candeiro e António Rosário Niquice); na província de Maputo (Alves Luís Cossa, Faruk Osman Eliseu da Conceição Cossa, Olívia Fernando Matavele); na província de Gaza (Edson Da Graça Francisco Macuácua e Ivan John Daniel Matavele); Inhambane (António Chuquela); Sofala (Emanuel Meque António, marido de Catarina Dimande); Manica (Ana Armando Chapo); Tete (Vitória Dias Diogo, Joana Anacleto Vasco, José Ajape Hussene Chironga, Luísa André Avelino Cuchamano, Carlos Jó Tomo); Zambézia (Jaime Basílio Monteiro, Ilca Vanessa Gaspar Braga Soares, Zainane Memane Ossufumane António, Safi Tratibo Amaral, Sábado Alamo Chombe); e Nampula (Milissao Castomo, Osvaldo João Gonçalo, Agostinho Navanssuane Chelua).

Recorda o CDD que essas figuras perderam os assentos sem ‘nenhuma razão’ após o Conselho Constitucional (CC) apresentar o Acórdão das eleições gerais de 2024, onde deixou o partido dos camaradas com 171 assentos. O acabava assim, sem argumento, por anular a Deliberação da Comissão Nacional de Eleições (CNE) que atribuía ao partido no poder 195 dos 250 assentos da Assembleia da República.

“Se, por um lado, a alteração serviu para maquiar a fraude e responder aos interesses dos acordos secretos com a Renamo e o MDM, partidos com os quais a Frelimo diz que está a dialogar para o fim da tensão pós-eleitoral, excluindo Venâncio Mondlane, também serviram para fazer ajustes de contas entre os “Nyusistas” e alguns “inimigos” que a facção foi produzindo ao lado. A operação provocou feridas que até hoje se encontram abertas no seio dos camaradas, e que podem levar tempo para sarar, com impacto para a própria Frelimo e para o Estado que vai apanhar por tabela” conclui o CDD.

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