As autoridades sanitárias manifestam a sua preocupação com o elevado índice de novas infecções por HIV em Moçambique, apesar dos esforços desenvolvidos nos últimos cinco anos para reduzir para menos de 30 por cento.
“O sector precisa identificar os portadores do HIV e ligar estes indivíduos aos cuidados e tratamento para a redução do número de mortes pela doença”, disse o director executivo do Conselho Nacional de Combate ao SIDA (CNCS), Francisco Mbofana, durante uma entrevista concedida à Rádio Moçambique, emissora nacional.
Mbofana considera que a redução de novas infecções também ajudar a reduzir o número de mortes, “porque se tivermos mais pessoas em tratamento e estas alcançarem a supressão viral, significa que elas perdem o risco de passarem a infecção para os outros”.
“Em 2023 foram registadas 81 mil novas infecções. Infelizmente continuamos a registar números muito elevados”, disse.
Para o efeito, o CNCS tem vindo a implementar acções de intervenção social e operacional, inseridas no Plano Estratégico 2021-2025 para a redução de novas infecções, em colaboração com a sociedade civil e o sector privado.
Mbofana referiu que, nos últimos cinco anos, a redução do número de novas infecções deve-se às intervenções sociais, através da disseminação de informações sobre as formas de transmissão e prevenção do HIV, bem como acções para combater o estigma e discriminação.
“Estas intervenções vão contribuir para a criação de um ambiente favorável, porque o estigma e a discriminação impedem as pessoas de usarem os serviços de prevenção disponíveis”, frisou.
Relativamente ao número de mortes relacionadas ao HIV/SIDA, Mbofana disse que o sector precisa identificar os portadores da doença e ligar os mesmos aos cuidados e tratamento para que haja uma redução significativa.
“Em 2024 [projecção] registou-se uma redução de 20 por cento, considerada maior quando comparada com 10 por cento de 2023, cerca de 44 mil mortes, sendo que para 2024 a projecção é de 39 mil mortes”, disse.
Esta redução, ainda que tenha sido elevada, é considerada menor diante das facilidades disponíveis nas unidades sanitárias para testagem e tratamento da doença.
“O facto de o HIV/SIDA ser hoje de fácil diagnóstico, bem como o seu tratamento, simples e com poucos efeitos colaterais, significa que as mortes relacionadas com a doença deviam ser uma raridade, porque o tratamento ajuda as pessoas infectadas a viverem mais tempo”, acrescentou.
Mbofana acredita na redução de mortes relacionadas ao HIV/SIDA, mediante o tratamento contínuo e recomendado pelo Ministério da Saúde (MISAU), ainda que persistam desafios devido ao estigma e discriminação, uma das principais barreiras que concorre para que os doentes não acedam ao teste, bem como ao tratamento.
“Em 2023 foram registadas 81 mil novas infecções. Infelizmente continuamos a registar números muito elevados”, disse.
Importa lembrar que em 2010, os índices globais de transmissão giravam em torno de 42 por cento, sendo que a meta considerava a redução para menos de 5 por cento, e o país conseguiu reduzir a cifra em 9 por cento.
Igualmente, o CNCS está preocupado com o reforço das medidas de transmissão vertical de mãe para filho centradas nas raparigas dos 15 a 24 anos.
Por último, defendeu o maior empoderamento da mulher, jovem e rapariga para que estas alcancem a igualdade, e possam estar em melhores condições de discutir a relação, sem as imposições que têm estado a contribuir para as novas infecções por HIV/SIDA. (Texto: AIM)
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