A Transitex é uma das maiores empresas do ramo logístico em Moçambique. E ano após ano tem estado a crescer. Se em 2016 tinha uma facturação de 600 milhões de meticais, Tiago Martins, líder pela operação em Moçambique, revela que este ano vai atingir um bilião e duzentos milhões de meticais, o que representa um crescimento de 100% entre 2016 e 2022.
A Transitex é um operador logístico e transitário, especializado no transporte internacional de carga porta-à-porta. Iniciou as suas actividades há duas décadas na Europa, concretamente na Espanha. Preste a completar uma década e meia no mercado moçambicano, a Transitex é sem dúvidas uma das maiores empresas do ramo logístico em Moçambique.
Emprega actualmente mais de 200 pessoas ao nível nacional, distribuídos por Maputo, Beira, Nacala, Nampula e Pemba, apoiada por uma estrutura que inclui seis armazéns de Norte a Sul do país.
Tiago Martins, líder dos destinos da empresa em Moçambique, revelou ao MZNews que Moçambique representa mais da metade da facturação da África Austral, seguido da África do Sul, com 30%. Diz, durante a entrevista, o também responsável pela Transitex em África, que a empresa vai continuar a investir em centros de distribuição que possam funcionar e que possam desenvolver.
“Poderemos reforçar a nossa frota à medida que procuramos projectos relevantes para o efeito. E sem dúvidas queremos liderar o mercado, consolidando a Transitex como um todo, como uma empresa única, forte e relevante”.
Próximo ano a Transitex completa 15 anos no mercado moçambicano. Será também o ano de celebração de ponto de vista financeiro?
A empresa tem crescido de ponto de vista de facturação de forma bastante renovada ao longo dos anos. Nós, em 2016, tínhamos uma facturação de 600 milhões de meticais e este ano vamos atingir, pela primeira vez, um bilião e duzentos milhões de meticais. Estes números representam um crescimento de quase 100% em seis anos, de 2016 e 2022. Eu não diria que temos uma celebração de ponto de financeiro, mas eu gostava que o décimo quinto ano fosse o ano de consolidação da nossa estrutura de ponto de vista daquilo que é a sustentabilidade do nosso negócio.
Como avalia a evolução da empresa ao longo dos tempos?
A empresa tem crescido conforme nós também vamos crescer como pessoas, como empresários, o país também tem crescido, evoluído. Os principais pólos logísticos, Maputo, Beira e Nacala têm tido evoluções, tem havido investimentos financeiros relevantes nos três portos, tem havido uma flexibilização dos sistemas dos despachos aduaneiros, a janela única foi um passo importante em 2012, para dar um exemplo.
Quanto representa o mercado moçambicano nas contas da empresa se comparado com os mercados africanos?
(…) Temos o mercado africano cujo centro de decisão é aqui comigo. Eu sou responsável por Moçambique e também pelos países daqui da região. Temos uma estrutura de negócio que é uma semicircunferência. Nós Começámos em Angola, Luanda, temos escritórios na Namíbia, África do Sul, Moçambique, e continuamos até a Tanzânia, além dos países que estão no interior, Maláui, Zimbabué e Zâmbia. Transitex África este ano vai ultrapassar pela primeira vez os 30 milhões de dólares de facturação. Moçambique representa mais de 50% desta facturação. Portanto, é o país mais pujante da região que nos dá alguns indicadores de que realmente o potencial é imenso. (…) O nosso país número um em África é Moçambique. Mais de 50% do negócio está aqui, neste país. África do Sul representa 30% do restante do negócio. E a diferença é que o negócio nos restantes países ainda em fase embrionária.
“Este ano vamos atingir, pela primeira vez, um bilião e duzentos milhões de meticais”
Moçambique é um mercado apetecível para o desenvolvimento do vosso negócio?
Há aqui uma componente de várias tipologias de logísticas que se prestam. Ou seja, desde uma empresa de distribuição, uma empresa que faz corredores, há uns que fazem importações, há uns que fazem trabalhos com as commodities… há negócios para todos. Portanto, o país é muito apetecível neste sentido, e depois é um país que presta serviços aos vizinhos do hinterlândia. Ou seja, todos os países da hinterlândia necessitam de Moçambique para poderem transaccionar no mercado internacional, o que torna o país dos mais relevantes da região em termos logísticos.
Quais são os planos da Transitex no mercado. Vão continuar a investir?
No mercado moçambicano, é nosso objectivo continuar a promover negócio de e para os países vizinhos, ao mesmo tempo investir na nossa capacidade instalada para promover relações entre Moçambique e a Índia. Portanto, queremos investir em armazéns, procurarmos centros de distribuição que possam funcionar e desenvolver. E depois poderemos reforçar a nossa frota a medida que procuramos projectos que são relevantes para o efeito(…)) lá está, entre armazéns frotas e consolidação técnica das nossas equipas, temos aqui o escopo do que queremos fazer para os próximos anos. Não tanto como uma facturação gigante para crescer, mas ir crescendo, consolidando as tipologias dos negócios que vamos tendo.
De que forma poderão explorar as oportunidades dos mega-projectos do gás?
A Transitex procura posicionar-se como uma empresa global. Nós temos uma área especializada de carga de projectos que foi crescendo ao longo dos anos, e este departamento lida com grandes projectos, incluindo a área de Oil & Gás. Portanto, temos investido tecnicamente na área de formação para garantir especialidade para darmos apoio aos mega projectos de Gás, tanto no norte do país, como outros que vão surgindo, por exemplo os da Sasol. Posicionamo-nos geograficamente em Nacala e em Pemba para estarmos preparados para servir de apoio às empresas subcontratadas dos projectos de Gás na zona da Afungi. Ou seja, uma forma de apoiarmos os projectos é apoiar quem está a desenvolver a construção das áreas de exploração. O nosso objectivo é podermos apoiar toda linha intermédia ao mesmo tempo, através da nossa rede internacional podemos desenvolver negócios com os líderes desses projectos. Portanto, a Sasol é uma empresa com quem temos alguma relação, mas também procuramos nos relacionar com a Total e outras empresas que actuam no norte de Moçambique. enfim, vamos desenvolver por aqui.
“O nosso país número um em África é Moçambique. Mais de 50% do negócio está aqui, neste país”
Quais são os principais desafios que enfrentam?
Nós, últimos dois anos, conseguimos crescer apesar da crise da pandemia e da crise global. Eu acho que os desafios de Moçambique passam agora por termos capacidade de acesso a projectos de apoio e financiamento que sejam competitivos, para garantir um crescimento que seja sólido. Eu penso que eventualmente estes serão os principais desafios.
A questão do terrorismo, em Cabo Delgado, interfere no vosso negócio?
Estamos atentos. Alguns projectos vão ficar afectados com isso. No entanto, a nós não nos afectou particularmente, (…) a nossa diversificação do negócio muniu-nos um pouco de algumas ferramentas e uns “coletes de bala” contra o risco. Então, eu diria que com a crise global de ponto de vista financeiro pode afectar de alguma forma Moçambique, mas afectaria não só a Transitex, mas todo o mercado. Eu acho que vamos ter aqui alguma capacidade de nos reorganizar. Estamos é atento sobre o custo de dinheiro para garantir que não corremos aqui nenhum impacto de afectar a nossa operação corrente.
Quais delegações da Transitex no país oferecem as melhores oportunidades de negócio?
Não tenho isso muito claro, nós temos quatro delegações, formalmente, temos um líder para Sul e Centro. Temos uma coordenadora e responsável na Beira e depois temos um coordenador na Zona Norte, Pemba e Nampula e Nacala, e temos um responsável da área rodoviária que gere toda a nossa frota.
Todos esses colegas têm um budget, um orçamento e uma oportunidade para desenvolver o seu produto de forma independente, usando como ferramenta de apoio a equipa de gestão: eu próprio, a equipa financeira, jurídica e a equipa comercial, que vai alimentando as nossas delegações mediante as oportunidades que vão surgindo. O nosso objectivo não é tanto como competir uma com as outras, porque cada zona tem as suas particularidades, seus desafios e também suas oportunidades, mas ficamos contente em saber que cada uma delas teria hoje capacidade de sobreviver sozinha sem depender da outra.
E qual dessas tem o maior contributo para a empresa?
Eu diria que Maputo continua a ser a primeira, Beira número dois e o Norte número três. A área rodoviária é uma área muito especifica, factura menos, mas tem uma rentabilidade mais elevada porque é uma área de apoio ao mercado directo, mas também é uma área de apoio interno, e serve à várias delegações nacionais. Nós temos a nossa frota gerida de forma independente a partir de Maputo, com vários contratos na mesa, que será a maior de ponto de vista de facturação, mas o Norte provavelmente seja a mais rentável
Qual tem sido a tendência nos últimos anos em temos do desenvolvimento de negócio olhando para estes pólos de forma especifica?
O nosso objectivo de crescer e diversificar passou por podermos ter uma carteira de produtos que pudesse ser cada vez mais abrangente, e ao mesmo tempo enquanto prestamos um grande serviço aos nossos clientes, diminuir o risco e a concentração em clientes específicos. Para mim orgulha-me particularmente hoje que a Transitex não tenha nenhum cliente que seja mais que 10% da nossa facturação. Lá está, este crescimento nestes quatros pólos, permitiu-nos não estarmos dependentes de nenhum cliente de ponto de vista geostratégico e o foco tem sido que cada zona vai crescendo de forma um bocadinho orgânica. isto é, Maputo começa a desenvolver bastantes serviços com a África do Sul (…), Maputo tem crescido como pólo de trânsito entre a África do Sul e o Porto, além dos projectos de importação que nós gerimos. Beira tem crescido como promotor de corredores para Maláui, Zimbabué e Zâmbia e o nosso negócio está muito concentrado nessa operação. Nampula, Nacala e Pemba estão focados com projectos de gestão de logísticas de armazéns. Temos mais de seis mil metros quadrados contratados com vários players, e ao mesmo tempo estamos atentos ao desenvolvimento do corredor com o Maláui, neste momento tem alguma crise e esperamos por reinício do projecto do gás.
Vão abrir novas sucursais ao nível do país?
Temos uma pequena representação em Lichinga. Poderá haver, sim interesse em abrir em Lichinga, ou seja, dar aqui uma componente mais formal. Para já temos um colega, uma viatura e eventualmente poderemos formalizar a abertura na região porque há muitos interesses da área agrícola.
“Temos uma área especializada de carga de projectos que foi crescendo ao longo dos anos, e este departamento lida com grandes projectos, incluindo a área do Gás”.
No leque dos vossos serviços quais são os mais procurados?
Duas coisas mais importantes, uma gestão dos corredores, carga de e para fronteiras e portos moçambicanos, cada vez mais nos pedem este tipo de serviços com a nossa estrutura de camiões e também com a nossa rede de escritórios na região, ao mesmo tempo gestão de projectos de importação, grandes empresas nacionais que necessitam de ter uma equipa que faça uma análise aduaneira, componente de importação, gestão de processos de alfândegas, entrega, gestão de armazéns, enfim…,gestão integrada de logística é cada vez mais comum.
A Transitex é uma empresa que cresce a olhos vistos…qual é o segredo?
Risos…o que é importante é algum espírito de sacrifício, sabermos que nem tudo é fácil, nem tudo vai correr sempre bem, há momentos de alguma pressão, alguma crise, mas que se acreditarmos no país, se acreditarmos nos clientes, se confiarmos nos fornecedores e também os respeitamos, se combinarmos aqui a diferença do cliente, do fornecedor e também do accionista, a coisa vai se sustentando de forma gradual e vamos evoluindo. Eu acho que é uma combinação de força de vontade de fazer as coisas acontecer com melhoramento técnico constante e procura de novas oportunidades, enquanto ao mesmo tempo procuramos renumerar inovação, ou seja, temos de procurar inovar em cada momento…talvez o segredo seja esse, tentar ser corporate sem nunca perder a criatividade e a inovação.
Daqui a quatro, cinco anos, ondem pretendem estar?
Queremos ser líder do mercado, sem dúvida, consolidando a Transitex como um todo, como uma empresa única, forte e relevante. Especificamente em África, a Transitex Moçambique quer continuar a crescer enquanto empodera também os vizinhos a crescer connosco. Portanto, a nível de África, eu gostava de em três, quatro anos dizer que estamos acima de 50, a 60 milhões de dólares de facturação com uma cadeia de serviços cada vez mais diversificada e cada vez mais sustentada.
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