Menor escapou a morte após ver os seus órgãos amputados. Médicos “desdobram” para reconstruir, mas avisam: nada voltará a ser como antes

Menor escapou a morte após ver os seus órgãos amputados. Médicos “desdobram” para reconstruir, mas avisam: nada voltará a ser como antes

Tem cinco anos e não tem pénis e nem testículo…por culpa de alguém. Já lá vamos.  Sobreviveu por um milagre. Os médicos, na sala de operações, tentam a todo custo reconstruir o pénis com gordura e musculo, mas fica um alerta: “não vai ser funcional a primeiro tempo, explica Igor José Vaz, médico cirurgião que comanda a operação.

“Vamos reconstruir algumas partes do organismo. Vamos reconstruir a uretra para ele poder urinar de pé”, refere o médico cirurgião, acrescento que “esta reconstrução tem a vantagem de simular a existência de um pénis”.

O processo da cirurgia no qual o menino será sujeito é complexo e irá seguir várias fases. “A primeira cirurgia leva 2 horas, que é criação de uma abertura para ele poder urinar em pé”, explica o médico.

“Depois segue-se uma outra que é para criar um pénis que leva, mas ou menos 6 horas. A seguir, voltamos a operar a criança para fazer uma uretra comprida que leva mais duas horas”, esclarece o cirurgião, horas antes de entrar na sala de operação.

O médico explica que todas estas fases de cirurgias não serão definitas na vida do menino. Aliás, aqui frisar que a vida do menino nunca mais voltará a ser a mesma.

“Como não vamos usar os tecidos naturais…, vamos usar tecidos semelhantes … para ter a vida sexual terá de fazer uma prótese peniana, e todos esses processos levam 17, 18 anos até ele se sentir minimamente bem”.

“Vamos reconstruir algumas partes do organismo. Vamos reconstruir a uretra para ele poder urinar de pé”,

“A probabilidade de ser uma operação bem-sucedida varia de 60 a 70%”, diz o experiente médico, que será acompanhado por três a quatro médicos estagiários na sala de cirurgia.

A dor, rejeição e crueldade

Do outro lada da sala da clínica Cruz Azul, cidade de Maputo, encontramos a mãe e a criança cujo a vida estive a um fio, depois da tia do menor ter decidido amputar os órgãos genitais com recurso a faca, para vender a 150 mil meticais com o intuito de pagar dívidas.

“Meu filho estava em casa da avó. Então chegou uma minha prima levou a criança e foi-lhe cortar o sexo, no mato”, conta a mãe, sentada na cama do hospital, sem conseguir conter as lagrimas.

“Ela disse que queria vender para pagar dívidas, entretanto, o cliente queria também os olhos e o nariz da criança. E quando ela regressa para terminar o combinado, a criança já não estava lá”, referiu com um certo alívio.

Horas depois a criança foi encontrada moribunda e abandonada num dos bairros de Tete e foi levado directamente ao hospital provincial de Tete.

“Este miúdo já tentou suicidar-se. Com apenas cinco anos foi buscar uma faca para se suicidar, porque os rapazes estão sempre a gozar com ele porque não tem pénis”,

“Isto é um problema muito grave. Dizer que amputar os órgãos genitais de uma criança dos 4, ou 5 anos, ou de alguém, significa que essa pessoa vai morrer porque o sangramento é tao grande que é impossível sobrevir”, admite o médico especialista. Mas quis o destino que a criança sobrevivesse, ou por outra, Deus.

A criança vive neste momento através de um tubo ligado a bexiga que lhe permite fazer as suas necessidades biológicas. “Sob ponto vista físico ela está bem, mas em termos psicológicos está muito destruída”, diz o médico.

Vítima de discriminação devido ao seu estudo físico, por parte dos amiguinhos da escola, o miúdo já quis tirar a sua própria vida. “Este miúdo já tentou suicidar-se. Com apenas cinco anos foi buscar uma faca para se suicidar, porque os rapazes estão sempre a gozar com ele porque não tem pénis”, contou.

O tratamento, decorre no âmbito de um Programa de Cirurgia Reconstrutiva e é financiado pela embaixada da Irlanda. Ao nível do custo, um tratamento deste, fora do país, pode vir a levar cerca de seis milhões de meticais.

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