Se a riqueza que os bilionários alcançaram durante o período pandémico fosse taxada pelo menos uma vez em 99%, o valor daria para vacinar todos os adultos do planeta. E os mais ricos ainda ficariam com cerca de 47 mil milhões de euros a mais do que tinham antes da pandemia.
Segundo o portal “Multinews”, os cálculos foram feitos por uma análise de vários grupos que defendem a igualdade económica (Oxfam, Fight Inequality Alliance, Institute for Policy Studies and the Patriotic Millionaires), citados pelo jornal The Guardian.
Este hipotético imposto único sobre os 2 690 bilionários do mundo também daria para atribuir cerca de 17 mil euros a todos os trabalhadores que ficaram desempregados.
E, ainda assim, os mais ricos ficariam com cerca de 47 mil milhões de euros a mais do que tinham antes da pandemia.
Morris Pearl, ex-diretor da BlackRock, a maior gestora de activos do mundo, defendeu que os países não aguentam mais “o aumento da riqueza global dos bilionários, já que milhões de pessoas perderam as suas vidas e meios de subsistência”.
Pearl, que agora é presidente do grupo Patriotic Millionaires, que reúne pessoas ricas que defendem impostos mais altos sobre as fortunas, afirmou que os governos têm usado historicamente os impostos sobre a riqueza após as crises para ajudar na reconstrução de comunidades.
O The Guardian cita como exemplo a primeira guerra mundial, em que os EUA aumentaram para 67% os impostos sobre as pessoas mais ricas.
“As nossas economias estão a sufocar com estes recursos acumulados que poderiam estar ao serviço de um propósito muito maior”, defendeu Pearl. “Os bilionários precisam de desembolsar esse volume de dinheiro – e os governos precisam de fazer isso taxando as suas fortunas.”
A análise recorreu a dados da revista financeira Forbes, que revelou que os bilionários aumentaram as suas fortunas em 4,6 triliões de euros de 18 de Março de 2020 a 31 de Julho de 2021. O aumento nestes 17 meses foi maior do que os cerca de 4,5 triliões ganhos em 15 anos de 2006 a 2020 , conclui a mesma análise.
O estudo estimou que cada dose de vacina contra o covid-19 custa em média cerca de 6 euros, concluindo que duas doses para 5 mil milhões de adultos custariam cerca de 60 mil milhões de euros.
Recorde-se que apenas 1,2% das pessoas nos países pobres receberam a primeira dose.
Numa acção sem precedentes, quatro instituições, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertaram no mês passado que a recuperação económica global será afectada se não existir igualdade na distribuição de vacinas.