Fim da lixeira de Hulene gera angústia para quem depende do lixo para sobreviver

Fim da lixeira de Hulene gera angústia para quem depende do lixo para sobreviver

Em Hulene, nos subúrbios da cidade de Maputo, o encerramento da maior lixeira gera angústia para quem depende do lixo para sobreviver. A maioria são mulheres que vivem no limiar da pobreza. Vasculham o lixo diariamente neste espaço com cerca de 25 hectares.

Os dados oficiais citados pelo Euro News Português, indicam que há pelo menos 500 catadores na lixeira de Hulene, mas Justino Cuna, que trabalha ali 10 anos, garante que são mais de mil. Justino está a tentar criar uma associação para defender os direitos dos catadores de lixo de Maputo.

“Nós dependemos deste lugar”, sublinha, no meio de um grupo de jovens catadores que espera a chegada do próximo camião de lixo a poucos metros da entrada principal. “A retirada da lixeira sem que se olhe para esta situação pode fazer aumentar o nível de prostituição”, exemplifica Cuna, “tendo em conta que boa parte destes catadores são mulheres”. “Há também um risco de aumento da criminalidade”, acrescenta.

Em 2018, 16 pessoas morreram soterradas nesta lixeira. A chuva forte provocou um desabamento numa zona onde o lixo acumulado tinha a altura equivalente a um edifício de três andares. A tragédia transformou-se numa ameaça para o negócio dos catadores de Hulene.

Desde o incidente, as autoridades municipais recebem diversos apoios para a gestão de resíduos, com destaque para iniciativas apoiadas pelo Japão, mas o encerramento, orçado em cerca de 110 milhões de dólares, não tem ainda data prevista.

Por dia, estima-se que mais de 1.200 toneladas de resíduos sólidos sejam depositadas nesta lixeira localizada ao longo de uma das principais artérias de Maputo, a avenida Julius Nyerere.

Além do risco de um novo incidente, as autoridades justificam o encerramento com a necessidade de travar o impacto ambiental e proteger a saúde dos moradores que vivem muito perto do local.

A maioria dos catadores concordam com o plano de encerramento, mas repetem que é preciso ajudar quem vive à custa deste local.

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