Os familiares das vítimas do acidente aéreo que há 35 anos matou o Presidente moçambicano Samora Machel e outras 34 pessoas pediram esta terça-feira às autoridades sul-africanas e de Moçambique a reabertura da comissão de inquérito para apurar as causas do desastre.
″Ao governo sul-africano e moçambicano o nosso apelo é para que reactivem a comissão de investigação, para revelarem as causas deste trágico acidente e quem são de facto os responsáveis pela tragédia de Mbuzini. Esta é a pergunta que colocamos frequentemente”, disse Alberto Júnior, filho do antigo chefe de protocolo, falando em nome dos familiares das vítimas.
A intervenção foi feita durante uma cerimónia que marcou o 35.º aniversário do acidente aéreo realizada em Mbuzini, na África do Sul, no memorial e museu criados no local onde o avião se despenhou.
No evento, participaram os presidentes Cyril Ramaphosa, a África do Sul, e Filipe Nyusi, de Moçambique.
Segundo Alberto Júnior, ainda há muitas perguntas sem resposta: “a verdade continua desconhecida”.
Samora Machel Júnior, filho do Samora Machel, considerou também esta terça-feira, em declarações à Lusa, que o acidente precisa de ser esclarecido e que falta “urgência” às autoridades na investigação.
“Do ponto de vista da família, não nos parece haver muita urgência em resolver este caso”, disse à margem da cerimónia.
Embora diga que se trata de um caso complexo, Machel Júnior disse que o esclarecimento do caso poderia trazer “alguma tranquilidade” à família, mesmo após 35 anos.
“Acreditamos que não seja um processo simples. Percebemos que leva algum tempo, mas nós precisamos de trazer alguma tranquilidade para a família. Queremos arrumar isto e seguir em frente”, declarou.
O primeiro Presidente moçambicano morreu a 19 de Outubro de 1986 quando um avião Tupolev se despenhou, durante a noite, em território sul-africano, na zona montanhosa de Lebombo, junto à fronteira com Moçambique.
Um engenheiro de voo e nove passageiros sobreviveram entre as 35 pessoas a bordo no acidente que atraiu alegações de sabotagem contra a então administração sul-africana do [sistema de segregação racial do] ‘apartheid’ e sobre o qual um inquérito da Comissão de Verdade e Reconciliação (TRC), em 1994, foi inconclusivo quanto às causas.
Samora Machel, 53 anos, regressava de uma conferência regional com líderes africanos, em Lusaca, na Zâmbia, e perdeu a vida juntamente com membros do seu partido, ministros, funcionários e tripulação da aeronave russa.
Agência Lusa