Uma análise do investigador João Feijó, do Observatório do Mundo Rural (OMR), cataloga o actual estado da educação em Moçambique, principalmente nas zonas rurais, como um problema “mais grave que o terrorismo” que poderá comprometer o futuro do país.
Citado pelo portal sapo, o analista avançou a sua perspectiva aquando de uma entrevista onde se debruçava sobre as necessidades de investimento na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde este ano vai iniciar a exploração de gás natural.
João Feijó considera que a velocidade com que se apelou e conseguiu investimentos para a exploração do gás de Rovuma foi o mesmo que “colocar a carroça à frente dos bois”.
Na sua perspectiva, antes de se avançar para os investimentos e exploração, a primeira aposta deveria ser na educação.
Para o sociólogo e doutorado em estudos africanos o estado da educação é “uma fraude” e “um cancro”, em particular no ensino primário, “onde a maioria da crianças termina a quinta classe sem saber ler e/ou escrever o seu nome. Toda a gente está a ver”.
Segundo descreve a partir da sua experiência isso também se deve fraca capacidade dos professores para leccionar.
“Eu ando pelo mato, contrato professores para aplicar questionários, e os professores rurais que estão nessas escolas não sabem calcular áreas”, exemplificou, acrescentando que são docentes “que leem a soletrar”.
Diz que entra a falar em português nas escolas rurais, “mas ninguém percebe” o que diz, referindo-se a estudantes da quinta à sétima classe de escolaridade, mas que só dominam as línguas locais.
João Feijó conclui que “o estado do ensino primário é o maior engano colectivo”. Leia mais…