Doenças não transmissíveis constituem a metade da demanda pelos serviços de urgência

Doenças não transmissíveis constituem a metade da demanda pelos serviços de urgência

Cerca de 49,9% da procura nos serviços de urgência e reanimação nas cidades de Maputo, Beira e Nampula, tem a ver com doenças não transmissíveis, incluindo hipertensão arterial, obesidade, diabetes, acidentes cardiovasculares cerebrais, cancro entre outros.

Segundo o Ministério da Saúde, esta é a conclusão dos resultados do inquérito nacional de prevalência de factores de risco para doenças crónicas não transmissíveis (InCRÓNICA 2024), realizado pelo Instituto Nacional de Saúde (INS),

Segundo o Secretário Permanente do Ministério da Saúde, Ivan Manhiça, às doenças crónicas não transmissíveis são a causa da morte de dois terço das mortes anuais a nível global.

“Em relação à Moçambique também temos observado um aumento preocupante do número de casos e óbitos, a título de exemplo entre 2007 e 2019, o peso da mortalidade causada por doenças crónicas não transmissíveis no nosso país quadriplicou”, disse.

Por isso, as autoridades sanitárias no país, têm estado a privilegiar o uso de evidência científica para orientar a tomada de decisão.

Ivan Manhiça explicou que o sector de saúde mobilizou esforços para acelerar a geração de evidência científica sobre o peso e as razões que determinaram a ocorrência e o agravamento das doenças crónicas não transmissíveis no país.

“É com esse propósito que o Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional de Saúde, conduziu em 2024 o inquérito nacional sobre a prevalência e factores de risco para as doenças crónicas não transmissíveis (InCRÓNICA 2024).

O Inquérito mostra que a prevalência de hipertensão arterial se mantém elevada na ordem dos 31,6 por cento, isto é, 1 em cada 3 adultos moçambicanos são hipertensos.

Os resultados mostram ainda que 1 em cada 20 adultos (4,1%) são diabéticos e 1 em cada 6 adultos (15,7%) tem nível de colesterol alto, quer dizer, nível elevado de gorduras no sangue, sendo mais elevado nas mulheres.

“Quanto a obesidade notamos que a sua prevalência duplicou de 7,5% para 13,8% entre 2005 e 2024, sendo mais pronunciado nas mulheres “, disse.

Outro indicador que preocupa as autoridades sanitárias é o facto de estudos mostrarem que entre 2005 e 2024 houve incremento das causas de risco para doenças cardiovasculares na população em geral.

O sedentarismo ou inactividade física duplicou de 6,5% para 14,3%, sendo mais pronunciado nas mulheres.

“Neste mesmo período, o consumo de álcool exagerado incrementou cerca de 5 vezes, de 5,4% para 25,3% com maior destaque para os jovens, o consumo de frutas e vegetais reduziu em 15% entre 2004 e 2025”, disse.

O inquérito revela que 17,3% dos adultos moçambicanos dos 40 à 60 anos tem risco cardiovascular combinado superior à 20 por cento ou já sofrem doenças cardiovasculares, com risco de morte em 10 anos.

Manhiça, acrescentou que face a estes cenários que o estudo apresenta é necessário evitar o consumo de álcool, tabaco ou drogas. Por outro lado é recomendável consumir alimentos saudáveis e pautar por uma alimentação equilibrada.

As autoridades sanitárias desencorajam o consumo de sal e açúcar e recomendam a prática de actividade física regular, adoptacao de hábitos que reduzem o stress.

O director geral do Instituto Nacional de Saúde, Eduardo Samo Gudo, sublinhou que a realização de inquéritos em saúde é uma das competências  essenciais da instituicao para fornecer evidências ao sector de saúde, governo e Estado moçambicano, de modo a tomar decisões para melhorar a saúde e bem-estar dos moçambicanos.

“Este inquérito é o terceiro que o país realiza cujo objectivo é monitorar a tendência não só das doenças crónicas, mas também dos seus factores de risco. Neste terceiro inquérito decidimos ousar um pouco, aumentamos o tamanho da amostra para garantir maior robustez dos resultados estatísticos, mais também introduzimos os novos módulos, que nunca antes foram avaliados, como por exemplo módulo de asma, cancro e saúde mental “, disse.

Participaram no evento investigadores do INS, representante da Organização Mundial da Saúde, instituições académicas, Alto-Comissário do Canadá, profissionais de saúde, entre outros. (Texto: AIM)

Partilhar este artigo

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.