Cerca de dezasseis escolas não realizaram exames finais da 10ª e 12ª classes, entre ontem e hoje, em decorrência da paralisação das actividades por parte dos professores que exigem o pagamento de horas extraordinária de três anos, desde 2022.
Ontem, o primeiro dia dos exames, o registo foi de boicote em treze escolas. Hoje, pelo menos mais três escolas aderiam aos protestos.
Na província de Maputo, a paralisação afectou as Escolas Secundárias da Liberdade, Matlhemene; Nkobe; Muhalaze; São Dámaso; Mahlampsene; Colégio Adventista; Siduava; 30 de Janeiro; Filipe Jacinto Nyusi; Malangatana; Bili; Massaca; e Mabilibili.
Na cidade de Maputo, a Escola Secundaria Unidade 2.
Na província de Inhambane, a Escola Secundária da Massinga.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Professores (ANAPRO), Isac Marrengule, a paralisação pode ter afectado outras escolas ao longo do país.
Os professores reivindicam não apenas os salários, mas também melhores condições de trabalhos e progressão na carreira, de tal forma que os alunos, reconhecendo os impactos de não-realização dos exames, se compadecem com a causa dos professores.
Disse Marrengule que, na manhã de hoje, alunos da Escola Secundária de Matlhemele se recusaram a realizar os exames. Na sequência, se dirigiram à Escola Secundária de Nkobe e proibiram outros alunos de realizar os exames. “Entraram nas salas de aula e rasgaram as folhas de avaliação”
Governo ainda não contactou a ANAPRO e a greve pode se prolongar
A Associação Nacional dos Professores (ANAPRO) está na frente dos protestos da classe que já comprometeu a avaliação do desempenho escolar de centenas de alunos este ano.
Os professores já realizaram várias rondas negociais com o Governo, em particular com o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) e o da Economia e Finanças (MEF). O caso já foi remetido ao parlamento e Tribunal Administrativo.
O Governo já veio a público dizer que estava a pagar os professores, mas o MZNews sabe que apenas foram pagos dois meses de horas extra de 2022. Tal pagamento não foi na totalidade, no país.
Depois de várias promessas de boicote aos exames finais, na última ronda negocial, a ANAPRO asseverou a paralisação. Contra as expectativas, já que nunca cumpriam as promessas, os professores paralisaram as actividades.
Ao MZNews, Isac Marrengule disse que a ANAPRO ainda não foi contactada pelo Governo, tal que, segundo ele próprio, tem adoptado uma postura de apatia e arrogância perante as reivindicações dos professores. Para ele, a intempestividade do Executivo demonstra desinteresse em resolver o caso.
A ANAPRO se mantém aberta a negociações, desde que, tal culminem com o pagamento das horas extras. “Só depois de recebermos o que nos é devido voltaremos às salas de aulas”.
Neste sentido, questionado se os protestos podem se prolongar até ao próximo ano lectivo, o Presidente da ANAPRO clarificou que a classe também estruturou o processo de reivindicações em fases e que a sua extensão vai depender da abordagem do assunto entre as partes interessadas.
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