O último relatório bianual de Instabilidade Financeira da Reserva Federal dos Estados Unidos da América (FED), publicado no início da semana, alerta para possíveis implicações dos problemas imobiliários da China para o sistema financeiro norte-americano.
As tensões no sector imobiliário da China podem pressionar o sistema financeiro chinês, com possíveis consequências para os Estados Unidos”, lê-se.
Desde há poucos meses que a imobiliária chinesa Evergrande, altamente endividada, tem abalado os investidores internacionais, uma vez que a empresa tem procurado evitar o incumprimento fiscal. Outros empreiteiros chineses também têm tido dificuldades em pagar a dívida, o que vem juntar-se às preocupações de uma maior incidência na segunda maior economia do mundo – cerca de um quarto da qual é impulsionada pelo sector imobiliário.
Entre outros aspectos, o relatório apontava para a dimensão da economia e do sistema financeiro da China, e para as ligações comerciais à nível internacional.
Para o Director de Estratégia de Mercado Internacional do Wells Fargo Investment Institute, Paul Christopher, a maior preocupação da FED é a desaceleração da actividade imobiliária chinesa, e o alto nível de dívidas dos empreiteiros, e “algumas delas (como a Evergrande) são diversificadas para outras áreas da economia”.
O analista reconhece que a China ainda pode fazer mais para evitar um colapso na sua imobiliária. Ainda assim, não afasta a possibilidade de as relações alargadas da China induzirem a um abrandamento da actividade imobiliária a nível mundial, que, em última análise, pode levar ao desemprego, queda dos stocks chineses e deflação.
Relatórios anteriores de estabilidade financeira do FED mencionaram os elevados níveis de endividamento da China, bem como os “elevados preços imobiliários” como riscos que poderiam repercutir-se nos EUA.
Contudo, a diferença no último relatório de estabilidade financeira do FED, em comparação com os anteriores, foi a conclusão de que a China figurava de forma proeminente entre as preocupações sobre os riscos para a estabilidade financeira dos EUA.