Certificado de qualidade ISO para PME’s só é atribuído a empresas “maduras”

Certificado de qualidade ISO para PME’s só é atribuído a empresas “maduras”

O certificado de qualidade ISO, que confere e anui a qualidade de serviços prestados por uma empresa, e, por conseguinte, a torna elegível para ganhar os concursos públicos dos grandes projectos, apenas são atribuídos às empresas que apresentam maturidade nos requisitos básicos de gestão.

Este posicionamento foi defendido, esta quarta-feira, em Marracuane, pelo CEO & Consultor de Gestão na Market Developers – MKD, Rosmarim Matlaba, durante o segundo talk-show sobre conteúdo local promovido pela Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), à margem da Feira Internacional de Maputo (FACIM).

Falando no painel sobre os desafios da certificação para as PME’s, Rosmarim Matlaba disse que o maior desafio das organizações moçambicanas para a certificação, sobretudo as PME’s, é a falta de maturidade em processos de gestão.

“Não se trata de nada complexo. Refiro-me a processos simples, do dia-a-dia. Infelizmente, encontramos diversas micro, PME’s que não têm processos de gestão. É normal que o dono de uma empresa efectue um pagamento sem [essa transação] passar pela tesouraria [da sua empresa]”, disse.

Segundo este, as normas ISO de certificação legitimam a elegibilidade de uma empresa para prestar serviços de qualidade.

“Isto demanda custos. É preciso, também, olhar para os interesses das partes que compõem a organização que se pretende certificar”, disse.

O Director de Divisão de Certificação no Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ, IP), Manuel Nunes, afirmou que a certificação constitui uma visão estratégica das PME’s para lidarem com as exigências do mercado cada vez mais competitivo.

Os painelistas, incluindo Elias Mondlane, da Confederação das Associações Económicas de Moçambique – CTA, alertaram para o facto de a certificação ser o resultado da demanda e exigência do mercado. Ou seja, a certificação não pode ser por impulso. É preciso preencher certos requisitos e caminhar “na linha”. Isto pode durar até quatro anos.

“O dono de uma empresa não pode ser o «faz-tudo». É preciso que uma empresa tenha uma infraestrutura respeitando o organigrama e delegação de poderes para se chegar ao bom-porto”, disse Elias Mondlane, do Gabinete de Apoio Empresarial na CTA.

Mondlane disse ainda que as empresas já perceberam a relevância de estar certificadas para obterem mais oportunidades de trabalhos.

“As empresas pedem a identificação de um consultor para lhes apoiar no processo de estruturação da empresa para prepararem-se para prováveis consultorias mais intensas. Isto já nos faz crer que as empresas estão conscientes”, disse.

Manuel Nunes disse, porém, que muitas empresas ainda desconhecem os processos para obter a certificação de qualidade.

“Elas vêem ao INNOQ achando que a certificação é um documento como uma declaração de quitação ou do INSS para concorrer nos concursos. Elas ainda precisam de se informar e capacitar para garantir que elas fornecem serviços de qualidade”, referiu, explicando que a certificação é posterior a um serviço de excelência.

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