O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) defende a realização de uma investigação para o esclarecimento da morte do padre Fernão Magalhães Raúl, o cabeça-de-lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) para o cargo de governador da província de Nampula, nas eleições de 9 de Outubro passado.
A ONG defende a abertura de investigação de modo que se esclarece as causas e circunstâncias da morte sob pena de se levantar especulações sobre pessoas e instituições.
“Se os resultados mostrarem que se tratou de morte natural, coloca-se uma pedra sobre o assunto, mas um resultado contrário abre caminho para outra investigação para dizer a quem interessaria a morte” escreve CDD.
O corpo de Fernão Magalhães Raúl foi encontrado estatelado na sala da sua residência, no bairro de Namutequeliua, arredores de Nampula, onde vivia apenas com empregados. Foi graças a uma irmã de Magalhães que estranhou o seu silêncio pouco habitual e decidiu ligar para o finado. O telefone estava desligado. Preocupada, deslocou-se à casa do finado e encontrou as portas trancadas e sem qualquer sinal do irmão.
“Estava a tentar ligar e o telefone estava desligado, mas ontem à noite [sexta-feira] havia saído, regressou e entrou. As portas estavam todas trancadas. Liguei para o papá para trazer as chaves que era para poder abrir estas duas portas. Papá veio, abriu a porta e quando entramos na sala encontramos o corpo” escreve, citando o jornal “O País”.
Refere o CDD que Magalhães estava a enveredar na política num contexto de rixas com a igreja católica, que proíbe clérigos concorrer para cargos políticos.
“Na eventualidade de a morte não ter sido natural, será inevitável a criação de campos de especulação com associações às desinteligências que o finado tinha com a Igreja Católica, como aconteceu, por exemplo, com o MDM quando há sete anos foi assassinado Mahamudo Amurane” recordou.
No contexto da crise que assola o MDM, aquele partido, que chegou a dirigir Nampula, podia equacionar prolongar o casamento com o padre na perspectiva de tê-lo como cabeça-de-lista a edil de Nampula nas próximas eleições autárquicas. Seguindo esse raciocínio, e não tendo sido a morte natural, abre-se outro campo de especulação, mais para o lado político, no sentido de olhar para a morte como tendo sido politicamente motivada, avança.
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