Cabo Delgado: Financiamento à SAMIM pode ser suspenso

Cabo Delgado: Financiamento à SAMIM pode ser suspenso

O financiamento da Missão Militar da SADC no norte de Moçambique (SAMIM) pode ser suspenso, depois de cerca de dois anos de apoio no combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado.

De acordo com o Defence Web, na Cimeira da Troika do Órgão da SADC a liderança da SAMIM foi instruída para iniciar uma retirada faseada de Moçambique em meados de Dezembro do ano passado, seguida de uma retirada completa até 15 de julho deste ano.

Com efeito, o Secretário Executivo da SADC, Elias Magosi, está de visita a Moçambique para “supervisionar e apreciar o processo de retirada e o plano de saída da província [Cabo Delgado]”.

A decisão da retirada da SAMIM de Cabo Delgado segue-se a uma decisão de governos da SADC, em Agosto de 2023, de prolongar a sua estadia por mais seis meses.

A SAMIM – Missão da SADC em Moçambique – foi destacada pela primeira vez em julho de 2021 como uma resposta regional para apoiar Moçambique no combate ao terrorismo e a actos de extremismo violento.

A retirada iminente ocorre num momento em que se regista uma queda da violência no norte de Moçambique, onde se concentra a insurreição no país. De acordo com o Centro Africano de Estudos Estratégicos (ACSS), a violência dos militantes islâmicos no norte de Moçambique registou uma redução de 71% no último ano, com 127 eventos violentos e 260 mortes registadas em 2023.

“As forças conseguiram recuperar o controlo de 90% do território dos insurgentes e expulsar os militantes sobreviventes para as áreas rurais na parte nordeste do distrito de Macomia, onde agora operam em pequenos grupos sem bases, realizando ataques aleatórios a civis”, lê-se no portal, citando o ACSS.

“O ano passado foi marcado por uma queda de 80% na violência contra civis. Este facto é particularmente digno de nota, uma vez que a violência dos militantes islâmicos no norte de Moçambique sempre se distinguiu pelos níveis extraordinariamente elevados de violência contra civis, que nalguns anos ultrapassaram 50% do total de vítimas mortais. Em 2023, a violência contra civis representou 23% do total de vítimas mortais. Isto incluiu 53 ataques a civis e 61 mortes relacionadas (em comparação com 286 e 438, respectivamente, em 2022)”, afirmou a ACSS num novo relatório divulgado este mês.

A questão para o próximo ano será se este progresso pode ser sustentado, dada a resiliência dos militantes nesta região, perguntou o ACSS, e disse que também é necessário prestar atenção para abordar as queixas subjacentes na região de Cabo Delgado que têm sido os motores da instabilidade. Além disso, há ainda 850 mil pessoas deslocadas internamente que ainda não regressaram às suas casas.

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