A primeira missão militar da União Europeia (UE) em Moçambique, dedicada a treinar tropas para enfrentar a insurgência armada em Cabo Delgado, arranca hoje com uma cerimónia oficial na Companhia de Fuzileiros Independente da Katembe, Maputo.
A missão de dois anos e que deverá contar com 140 militares formadores responde ao pedido de ajuda do Governo moçambicano para preparação das suas tropas.
A província norte de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques armados, que em Março levaram à suspensão de projectos de gás fulcrais para o país.
A região enfrenta uma crise humanitária com 817 mil deslocados, segundo números do Governo, num conflito com 3 100 mortos de acordo com o projecto de registo de conflitos ACLED.
O efectivo da missão não se envolverá em operações militares, contará com cerca de 140 militares divididos entre dois centros de treino, um para comandos no Campo Militar do Dongo (Chimoio, centro do país) e outro para fuzileiros na Katembe, do lado oposto à capital na baía de Maputo.
“Espera-se que o mandato da missão tenha uma duração de dois anos. Durante este período, o seu objectivo estratégico é apoiar o reforço da capacidade das unidades das forças armadas moçambicanas que farão parte de uma futura força de reação rápida”, anunciou o Conselho da União Europeia a 15 de Outubro.
A missão vai fornecer formação especializada em combate ao terrorismo e sobre a protecção de civis, especialmente mulheres e raparigas, com atenção para o cumprimento dos direitos humanos, após inúmeros relatos que dão conta de terem sido violados por várias vezes durante o conflito.
Os ministros da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, e de Portugal, João Gomes Cravinho, participam na cerimónia de hoje.
A missão de treino, designada EUTM (European Union Training Mission) Moçambique, “será comandada pelo vice-almirante Hervé Bléjean, director da Capacidade Militar de Planeamento e Condução” e, no terreno, “a direcção operacional caberá ao brigadeiro-general Nuno Lemos Pires, militar do Exército português que comandará a força”, lê-se em comunicado.
Agência Lusa