Afinal, porque Moçambique é pobre? E quem está contra o desenvolvimento do país?

Afinal, porque Moçambique é pobre? E quem está contra o desenvolvimento do país?

Moçambique é um país com todas as condições necessárias para ser próspero, reunidas. Então porque, não é?! Muitos de nós já têm suas hipóteses a respeito disso, mas reflictamos sobre o simples facto de os governantes, que constituem a minoria rica do país, não quererem que isso aconteça, para que eles continuem ou fiquem cada vez mais ricos.

Muitos acreditam que somos pobres porque os países europeus, americanos e asiáticos mais ricos exploram os recursos naturais e minerais do país e não têm nenhuma intenção de os deixar rico. Mas pensemos juntos, esses países seguramente são mais industrializados e produzem uma imensidão de artigos. Para quem, então, querem vender? Só para os outros países ricos? Será que eles não querem ter Moçambique como um bom mercado para os seus produtos?

Se voltarmos algum tempo na nossa história perceberemos que os europeus ocuparam a África com o objectivo de, por um lado, ter novas fontes de matéria-prima, facto que os levou a investirem afincadamente na agricultura, no cultivo do café, do algodão, do sisal entre outras culturas rentáveis na época e, por outro lado, buscavam novos mercados para os seus produtos, pois, com a revolução industrial e tecnológica, a produção estava cada vez mais crescente e havia necessidade de mandar seus produtos para África e, assim, expandiam os mercados.

Sendo assim, se a África não puder comprar, os países ricos não ganham muito. Faz algum sentido pensarmos que os países ricos querem que Moçambique cresça, pois não se tornará inimigo ou concorrente, mas sim um bom parceiro para os negócios para além de ser um óptimo mercado.

A história mostra que a África conheceu êxitos económicos no passado que foram obliterados, não pela cultura africana (considera-se que os africanos são pobres por serem desprovidos de uma boa ética de trabalho, insistindo em acreditar em feitiçaria e magia ou resistindo às novas tecnologias ocidentais aliado a “cultura Ibérica” de procrastinação) nem pela incapacidade dos africanos comuns de tomar iniciativas em prol de seus próprios interesses, mas pelo colonialismo europeu, em primeiro lugar, e mais tarde pelos governos africanos pós-independência.

Não quero acreditar que a nossa cultura e a religião tenham ditado ou ditem a pobreza do país, no entanto, algumas culturas específicas como o “cabritismo”, o “lambebotismo” e a mais recente, “tire tudo o que puder do estado e vá embora” como evidenciam os casos das “dívidas ocultas”, da REVIMO, da LAM e também do FNDS, o famoso Sustenta, tornam mais ricos os governantes nacionais e empobrecem cada vez mais os pobres.

Essas instituições levam a relatórios sensacionalistas (isso ficou mais claro com a reportagem da Soico TV sobre a qualidade do ensino no país, bem como a declaração do Ministério da Agricultura de que todos os moçambicanos têm pelo menos três refeições diárias) para transmitir a ideia de que os projectos do governo estão todos a floresceram, mesmo que não, e com isso os dirigentes garantem a permanência nos cargos, se pelo contrário, reportarem a realidade, serão vistos como inimigos, contra o governo e o partido no poder. A coisa só poderá piorar com o facto de o país ter dificuldades para pagar salários aos funcionários e fechar parênteses.

A actualidade económica e política de Moçambique lembra a forma como Mao Tsé-Tung organizou a economia e conduziu a política da China anos 1950 e 1960 propagando uma Revolução cultural que levou a perseguição maciça de intelectuais e eruditos pelo facto de se duvidar da sua fidelidade ao partido desperdiçando, desse modo, muitos talentos.

Não se pode protestar, reivindicar, cobrar os manifestos eleitorais, que se fizer isso será caçado e silenciado, o risco de perder emprego ou até mesmo a vida faz que muito conhecimento não seja explorado para desenvolvimento do país.

Como na história da China, precisamos de uma presidente comprometida com a transformação política e económica do país investindo na agricultura e na transformação industrial. Mas depois de tantos dissabores recentes, será que ainda há quem confie em política?

Outros ainda podem dizer que somos pobres devido ao clima tropical que se faz sentir no país, como defende o filósofo e político francês Montesquieu a tentar explicar a pobreza da África Subsaariana, as altas temperaturas tornam-nos preguiçosos e pouco inquisitivos e por isso não trabalhamos com muito empenho, não somos criativos, nem inovadores ou ainda pelo facto de o clima tropical dificultar o cultivo de certas culturas. Se o clima dificulta a prosperidade de Moçambique, por que então ele favoreceu a Singapura e aos Emirados Árabes, por exemplo?

E se olharmos com mais calma, compreenderemos que tanto os climas tropicais quantos os climas temperados não ditam se um país prosperará ou tornar-se-á pobre pois tanto um quanto outro tem vantagens e desvantagens, à título de exemplo, comparem-se alguns países da América do Sul e da América do Norte ou então os países da África do Norte que estão perto da Europa e têm condições climatéricas semelhantes às da Europa, estariam tão ricos quanto os europeus.

Também, se bem me lembro, existe uma cor verde na nossa bandeira que simboliza a fertilidade de nossos solos, então somos capazes de produzir muita comida, se não por nós mesmos, podemos fazer parcerias com fazendeiros de outros países para que importem tecnologias agrícolas para cultivar as vastas terras aráveis que o nosso país tem.

Os portugueses fizeram isso e exploraram as nossas terras criando vastos campos agrícolas, mas actualmente a nossa agricultura é mormente familiar. E porque grandes fazendeiros não investem muito na agricultura no nosso país? Se olharmos para as políticas de uso e aproveitamento da Terra e incentivos fiscais aos investidores, perceberemos que no lugar de os atrair, repele-os.

Pode-se, portanto, concordar com John Tamny e Leandro Roque quando afirmam que “só existe crescimento quando o governo não atrapalha”. Se um país cria um ambiente de respeito à propriedade privada, permite a liberdade de comércio, incentiva o investimento estrangeiro, fornece plena liberdade às transacções comerciais, e permite a acumulação de capital, metade da estrada para o progresso já foi percorrida.

Garantir a estabilidade da nossa moeda em relação à moeda estrangeira, o que pode atrair investidores que terão a certeza de que o seu empreendimento valerá alguma coisa, mesmo com o passar dos anos, ninguém gosta de pensar que pode investir tudo o que tem e ter um retorno que valha muito menos. Se, no entanto, a moeda for flutuante, o mínimo que o investidor irá exigir serão retornos altos em um curto espaço de tempo.

Se analisarmos, detalhadamente, podemos perceber que o país atraiu muito poucos investimentos desde que se viu mergulhado no escândalo das “dívidas ocultas” que levaram a desvalorização do metical em comparação com o período anterior. Igualmente, é necessário estimular a oferta removendo as barreiras tributárias, burocráticas e comerciais que emperram a produção. Concretamente, reduzir os gastos excessivos do governo, o que irá baixar os impostos e, por seu turno, evitará a inflação.

Já a burocracia, rouba tempo e recursos aos empreendedores e aos trabalhadores que poderiam ser destinados à produção de bens e serviços necessários ou desejados pelo mercado. Por fim, permitir que o comércio livre flua. Assim teremos a outra metade percorrida e, certamente, estaremos ricos.

Escrito por: Vitorino Mutimucuio

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