A Polícia Municipal devia, tal como o faz na Baixa, varrer essas portagens que, de esquina em esquina, surgem como sapos procriando-se nas valas. É a Polícia Municipal que devia colocar as ditas chamussas nas taxas dessas portagens e soltar os seus cães sobre elas.
É a Polícia Municipal que devia arrancar essas portagens, desarrumar todas as cancelas e entulhá-las como sacos de alface e tomate nas suas viaturas. Essa polícia devia chamboquear todas essas taxas com a mesma força que escorraça os vendedores de alfinetes e agulhas na 24 de Julho e aparecer na TV a dizer: “apreendemos mais de 20 toneladas de portagens informais”.
A Polícia Municipal devia varrer essas Portagens…
Tantas taxas e tantas portagens. E a única portagem que tem as cancelas murchas é a da fome e da pobreza. Todos os dias somos engolidos pelas portagens da fome, do desemprego e da pobreza e ninguém está nessas portagens para descer as cancelas e murmurar: “sem dinheiro não se pode passar”.
Quantos milhões e milhões teríamos se o Governo plantasse taxas nas portagens da corrupção, do roubo e dos desvios nos ministérios? Quantos poços de milhões teríamos se virássemos engenheiros e levantássemos portagens e taxas nas promessas do Governo?
E a única portagem que tem as cancelas murchas é a da fome e da pobreza.
E nas traseiras das portagens e taxas, surgem empresas que nos vão cavalgando os bolsos como trepadeiras. E nenhuma dessas taxas é usada na quimioterapia dos cancros que comem as nossas estradas, nenhuma dessas taxas compra a graduação certa dos nossos semáforos cegos que se estendem nas esquinas da cidade como sem-abrigos.
É normal amanhã acordarmos e vermos portagens montadas em nossos quintais e, a cada movimento, chocarmo-nos com a cara das miúdas sorridentes, das cancelas, que só sabem sorrir e esticar a mão. É normal…