O político Venâncio Mondlane diz ter passado por diversas partes do mundo, desde 21 de Outubro de 2024, quando atravessou a primeira fronteira para fora do país. No total, foram oito países, entre África, Europa e Médio Oriente.
Ele recordou que se viu obrigado a sair de Moçambique depois de, naquela data, ter sofrido uma suposta tentativa de assassinato. Tal ocorreu aquando de uma conferência de imprensa no centro da Praça da Organização da Mulher Moçambicana, Av. Vladimir Lénine, bairro da Coop, cidade de Maputo. Em meio a tumultos, a polícia disparou gás lacrimogénio contra Mondlane. Algumas pessoas foram atingidas por cápsulas de gás lacrimogénio.
“Nesse dia também havia vários atiradores montados em vários pontos. Eu tive informação privilegiada, mesmo dos serviços de segurança, de que eu devia sair o mais rápido do país” disse em uma entrevista à Miramar. Isso ocorreu dois dias após o assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, próximo de onde Mondlane sofreu tentativa de assassinato, na Av. Joaquim Chissano.
Ele disse que na noite de 21 de Outubro atravessou a fronteira de Ressano Garcia para a África do Sul. Ficou alojado num hotel na cidade de Nelspruit durante um dia.
No dia seguinte, foi ao Aeroporto Internacional de Kruger, na província de Mpumalanga. Voou para Joanesburgo, e ficou num condomínio no município de Sandton, província de Gauteng. Ainda em Sandton, foi para outro condomínio, onde, segundo o próprio, sofreu um atentado.
“Nessa altura eu estava em cooperação com a Rede dos Direitos Humanos da África Austral, cujo presidente é o professor [Adriano] Nuvunga. Mas, devidos aos atentados que estava a sofrer, de forma caótica, tive de arranjar outras formas independentes de garantir a minha própria segurança” revelou.
Mais uma vez obrigado a sair do segundo condomínio, Mondlane se ‘refugiou’ em outro espaço o qual se escusou de revelar.
“Ainda posso precisar de esse espaço, onde fiquei, praticamente, uma semana e meia”, alertou.
A caça ao homem não cessou. Outra vez, devido a perseguições, abandonou o local e voou para Alemanha, na cidade de Düsseldorf. Por lá, permaneceu por quase duas semanas.
Mondlane revelou ainda que depois seguiu para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Na sequência, foi para Omã, um país do Médio Oriente. Atravessou a fronteira para Abu Dabi.
“Depois disso, voltei para África. Passei pela Nigéria e outro país que não posso revelar. Pediram-me discrição” referi, adiantando que foi nesse país onde “acabei incubando uma malária”.
Nessa jornada, regressou ao Médio Oriente, no Qatar, onde, na verdade, lhe foi diagnosticado com malária – das mais graves. “É um tipo de malária que, se não tiveres assistência, em 48h perdes a vida”. Mondlane disse que ficou internado por dois dias. “Foi nos dois dias em que as pessoas estavam à espera do anúncio [da etapa] Turbo V8”.
“Depois do Qatar, vim directamente para Moçambique” contou.
Deixe uma resposta