Os três partidos políticos, que na última legislação tiveram assento parlamentar, a Frelimo, Renamo e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), não apresentam propostas claras para o desenvolvimento do sector agrícola.
A constatação é do Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD), que analisou o manifesto eleitoral das três formações políticas.
“Apesar de haver um consenso nacional sobre a importância do sector na economia e na vida dos moçambicanos, observa-se uma falta de clareza por parte dos candidatos presidenciais na actual corrida eleitoral quanto aos seus planos concretos para este sector”, refere a Organização Não Governamental.
Sobre o manifesto eleitoral da Frelimo, o CDD constatou que o mesmo foca na defesa da soberania, integridade territorial e unidade nacional. Destaca o investimento em saúde, educação, igualdade de género, juventude, desporto e cultura, além do fortalecimento institucional. Prioriza a transformação econômica, com ênfase na economia azul, criação de um banco de desenvolvimento e gestão sustentável dos recursos naturais. Também planeja desenvolver infraestruturas resilientes às mudanças climáticas e consolidar as relações internacionais. No entanto, não apresenta detalhes específicos sobre o setor agrícola.
O da Renamo defende uma governação estruturada em cinco pilares: defesa da soberania e integridade territorial; governação democrática baseada na separação e interdependência dos poderes; governação social voltada para o empoderamento dos sectores sociais; governação económica com foco no setor privado; e governação ambiental para a defesa do meio ambiente.
O do MDM destaca a melhoria da vida da população como prioridade, abordando desafios como a criação de mais indústria e o investimento na agricultura. No entanto, o documento não fornece um plano detalhado sobre como pretende transformar o sector agrícola ou como lidar com as dificuldades enfrentadas pelos agricultores.
E o pré-manifesto do candidato independente Venâncio Mondlane propõe uma reforma do Estado e da Governação como pilar central, com foco no desenvolvimento sustentável da economia, reforma constitucional e separação de poderes. Menciona a modernização da defesa da soberania e segurança pública.
“A ausência de uma visão estratégica e de compromissos concretos por parte dos candidatos pode comprometer não apenas o progresso do sector, mas também o bem-estar de milhões de moçambicanos que dependem directamente da agricultura para a sua subsistência. Vale ressaltar também que a falta de uma agenda clara pode agravar os desafios existentes e limitar o potencial de crescimento e inovação no sector agrícola. A marginalização do sector é um erro por parte dos partidos políticos, tendo presente que a agricultura é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento de Moçambique, facto que levanta preocupações sobre o real compromisso dos candidatos com a melhoria das condições agrícolas que consubstancia melhoria de vida das famílias moçambicanas”, aponta.
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