Gás do Búzi: Má formação da mão-de-obra local pode levar à exclusão de jovens e convulsão social

As comunidades hospedeiras do projecto de exploração de gás, no distrito de Búzi, na província de Sofala, denunciam a falta de transparência na publicação de oportunidades de emprego.

O Governo, segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), recebeu 2,75 milhões de dólares, entre 2009 e 2023, para formar pessoal nessas comunidades. O objectivo é integrar a suas mão-de-obras no projecto. Mas a CIP diz que tais formações são de baixa qualidade e pode afastar os jovens locais dos objectivos. A organização prevê descontentamento e conflitos sociais. Para o CIP esta antevisão resulta da falta de transparência na gestão do projecto.

“As comunidades de Inharongue e Matire, no distrito de Búzi Sede, que acolhem este projecto, manifestaram descontentamento pela sua exclusão nas oportunidades de emprego por falta de envolvimento no processo”, lê-se num estudo da ONG hoje publicado.

O trabalho refere que em 2009 a Buzi Hydricarbons, da Indonésia, recebeu 75% da participação da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH). Para o efeito não houve concurso público, ou seja, foi por acordo directo. A ENH recebeu 100% da concessão do Governo, sem concurso.

A empresa estuda duas formas de explorar o gás do Búzi, ou através da instalação de uma fábrica no distrito, ou a construção de um gasoduto entre Búzi e Inharrime, na província de Inhambane. “A primeira possibilidade é a que maiores benefícios poderá trazer ao distrito, tanto em termos de emprego como de desenvolvimento”.

“Durante as entrevistas realizadas na pesquisa de campo em Búzi, ficou claro que a população tem pouco conhecimento sobre as acções de formação para este projecto. A população mostrou desconhecimento em relação a acções de formação levada a cabo pelo Governo para dotar os locais de habilidades técnicas de modo a responder, tanto à fase de pesquisa, como à fase de desenvolvimento e produção. No entanto, o Administrador do distrito do Búzi, João Saize Duarte, referiu existirem algumas iniciativas de criação de cursos de curta duração nas áreas de construção civil, electricidade e serralharia para jovens da comunidade. A equipa de investigação não conseguiu verificar a veracidade desta informação no terreno”, lê-se.

O CIP prevê que as possibilidades de emprego destinadas às populações locais sejam açambarcadas por pessoal de outras latitudes. Verificou igualmente que a Buzi Hydrocarbons não cumpre com as suas responsabilidades sociais. A empresa relega esta responsabilidade ao governo local.

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