As Nações Unidas consideram que os conflitos armados no norte de Moçambique, particularmente na província de Cabo Delgado agudizaram-se no mês de Novembro de 2021, tendo sido registados mais ataques desde Julho do mesmo ano.
A matriz de rastreamento da Organização Internacional das Migrações (OIM) indica que, naquele mês, mais de 20.500 pessoas, onde 51% eram crianças, 28% mulheres e 4% pessoas vulneráveis, abandonaram as suas zonas de origem, passando para uma situação de deslocados.
Até meados de Dezembro, contabilizava-se só no norte do país, cerca de 734.000 pessoas deslocadas, uma diminuição de cerca de 9.000 em relação aos dados recolhidos em setembro.
“Com o início da época de escassez agrícola”, até às colheitas que arrancam em Abril, “estima-se que mais de 1,1 milhões de pessoas em Cabo Delgado, Nampula e Niassa enfrentem altos níveis de insegurança alimentar”, acrescenta-se no documento.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico e ISIS Moçambique.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.
Desde Julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar várias zonas, mas o conflito alastrou-se em Novembro para a província vizinha do Niassa.