O governo, através do ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, disse ontem no Parlamento que a subida dos preços dos combustíveis deveu-se ao aumento da procura destes a nível internacional e que todos os mecanismos que haviam sido montados internamente para amortecer o seu impacto sobre o custo de vida tornaram-se insuficientes.
Adriano Maleiane assegurou que o Executivo está a trabalhar para que os efeitos do aumento do preço dos combustíveis não prejudiquem os cidadãos, apostando em investimentos consideráveis nas áreas da agricultura e transportes públicos.
No sector agrícola, segundo Maleiane, o que se pretende é que as famílias passem dos actuais 47 mil meticais de rendimento médio para 87 mil meticais.
Os investimentos que estão a ser realizados na agricultura incluem subsídios aos factores de produção. Praticamente, disse Maleiane, os produtores agrícolas não pagam o Imposto de Consumo Específico.
Disse que o Governo está a subsidiar igualmente os produtores que ainda usam motobombas para permitir que possam ter uma grande produção e, por conseguinte, maior disponibilidade de produtos no mercado e, desta forma, baixar a inflação, que até Setembro último foi de 4,88 por cento.
Ele assumiu que a única forma de melhorar o nível de vida dos cidadãos é mesmo aumentar o seu rendimento.
Nos transportes, explicou, o Governo continua a subsidiar não só as gasolineiras, mas também o transportador e, agora, com maior intensidade, está a apoiar na aquisição de meios de transporte para o sector privado.
Maleiane sublinhou que se está a trabalhar para que pelo menos nas grandes cidades a mobilidade das pessoas melhore. Ressalvou, no entanto, que o Executivo tem a consciência de que o sector privado dos transportes também se ressente do ajustamento feito recentemente nos combustíveis, estando-se, porém, a trabalhar para que o utilizador não seja prejudicado, através da prática de uma tarifa balanceada.
Referiu que no mandato anterior foi concebido um programa de aquisição de 1000 autocarros para apoiar o sector privado, dos quais 600 foram distribuídos pelo país. Nas grandes cidades, como Maputo, será introduzido um desconto (bilhetes especiais) para estudantes, idosos e pessoas com deficiência.
O Governo projecta ainda introduzir, já no I semestre de 2022, autocarros movíveis a gás, como forma de diversificar o combustível no futuro, tendo em conta que o país será um grande produtor de gás. Na área dos transportes ferroviários, está programada a aquisição de 90 carruagens que deverão ser afectas nas regiões Sul e Centro do país.
Maleiane disse ainda que a importação anual de combustíveis está orçada, em média, em 850 milhões de dólares, enquanto o país exporta cerca de 1 300 milhões de dólares, o correspondente a 66 por cento das suas exportações.
O ministro da Economia e Finanças afirmou, peremptoriamente, que é insustentável o Estado subsidiar gasolineiras.