O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) precisa de 58 milhões de dólares para actividades em Moçambique, cuja prioridade é assistência humanitária em Cabo Delgado, indica um documento consultado esta quinta-feira pela Lusa.
No total, segundo a apelo humanitário revisto em junho, o UNICEF precisava de uma total de 96,5 milhões de dólares para as suas actividades em Moçambique, que inclui apoio aos deslocados e Cabo Delgado e outras operações, segundo o último relatório da entidade.
O UNICEF conseguiu angariar um total de 38 milhões de dólares junto de parceiros internacionais, entre os quais o Canadá, Japão, Noruega, Suécia, Itália, Reino Unido e Estados Unidos, mas persiste um défice orçamental de 50 milhões de euros.
“A situação em Cabo Delgado continua fluida e pouco clara. No entanto, as forças armadas de Moçambique, em coordenação com as tropas do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) continua a ganhar o controlo das áreas anteriormente ocupadas pelos insurgentes”, refere-se no relatório.
Segundo dados da entidade, estima-se que cerca de 33 mil crianças entre os deslocados estejam a sofrer de desnutrição, num universo de 300 mil em idade escolar que foram obrigadas a fugir das suas zonas de origem e que dependem agora da “escolarização de emergência”.
“O UNICEF está a apoiar o governo provincial na implementação de clínicas móveis como uma estratégia para fornecer serviços de saúde para novos locais de realojamento em Cabo Delgado”, acrescenta-se no documento.
O conflito armado entre forças militares e insurgentes em Cabo Delgado já provocou mais de 3 100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde Julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde Agosto de 2020.
Agência Lusa